Município não dá prazo para resolver o problema
Vídeos feitos e compartilhados pelo internauta Bruno Soares no Instagram e cedidos à reportagem mostram a situação precária em que se encontra o prédio da Fundação Cultural de Canoinhas. Nos vídeos é possível ver que a situação mais sensível é da Biblioteca Pública, que funciona no segundo pavimento do edifício histórico, que há mais de 70 anos, abrigou a Câmara de Vereadores de Canoinhas. Não há registro de que desde então o prédio tenha passado por uma reforma.
Nos vídeos, Soares mostra que o assoalho se desmancha ao simples toque das mãos. Fica evidente que qualquer peso pode fazer com que a madeira ceda. Uma lona preta e um cone sinalizam o perigo. No ano passado, a coluna Panorama Político já havia alertado para as várias goteiras que ameaçavam o acervo da biblioteca. Há, ainda, livros e documentos históricos que estão sendo consumidos pelas traças. A Biblioteca Municipal tem o maior acervo de jornais, com exemplares, por exemplo, de O Peru, de 1913. Há ainda o acervo fotográfico de Egon Thiem, digitalizado por esforço particular da fotógrafa Fátima Santos.
Os vídeos mostram, também, que os professores da Casa da Cultura, que funciona no primeiro piso, tem de usar uma cozinha com pia sem torneira e canalização. Isso faz com que a água usada na pia tenha de ser armazenada em um balde, que posteriormente é descartada no banheiro ou nos fundos da repartição.
Professores ouvidos sob a condição de anonimato já haviam reclamado da dificuldade em se ministrar aulas com salas claustrofóbicas e muito barulho vindo da rua. Até abril do ano passado, a Casa da Cultura funcionava de fato em uma casa alugada. A mudança para o prédio da Fundação visava economia. O orçamento para a cultura no ano passado foi de apenas R$ 731 mil, valor que neste ano é de R$ 842,2 mil. A promessa, segundo os professores, era de usar o dinheiro economizado com o aluguel para reformar o prédio da Fundação.
MOTIVOS
À época da mudança os vereadores colocaram como problemas salas sem ventilação adequada, sem janela, com odor desagradável de mofo, causando mal-estar aos alunos e instrutores; dificuldade em garantir a qualidade nas aulas de música devido à falta de janelas, resultando no uso de ventiladores que interferem na qualidade do som; interferência na qualidade das aulas devido ao intenso movimento de veículos na rua Getúlio Vargas, especialmente nas salas da frente; entrada de água no recinto em dias de chuva forte devido a problemas estruturais no telhado, prejudicando o acesso dos alunos; inviabilidade do uso da biblioteca pública devido às aulas de música, canto e teatro, considerando que o silêncio é necessário para leitura e estudos; descontentamento geral dos instrutores devido à mudança da Casa da Cultura para o prédio da Fundação Cultural, sendo que todos foram contrários devido às condições inadequadas para oferecer aulas de qualidade; e utilização inadequada do espaço destinado ao Museu Alvanir Vieira sendo usado para outros fins que não para o qual foi criado, privando a comunidade do acesso ao acervo do Museu, que contêm obras doadas pelos familiares de Alvanir Vieira, o mesmo espaço se destina a exposição de obras de artistas regionais e desta forma deixa de valorizar e incentivar o trabalho dos artistas locais. O local é inadequado para esse fim, pois não possui sanitários disponíveis na dependência, segundo os vereadores.
CONTRAPONTO
Questionada pela reportagem, a prefeita Juliana Maciel Hoppe (PL) encaminhou a seguinte nota por meio de sua assessoria de imprensa:
“Quando Juliana assumiu a prefeitura, Canoinhas estava arrasada em decorrência da corrupção e tivemos que trabalhar com prioridade. E fizemos.
Nossa prioridade foi a saúde do canoinhense, que viu dobrar o número de médicos atendendo nas unidades de saúde. Recuperamos a frota da Secretaria de Obras para garantir acesso às comunidades rurais.
Canoinhas ainda tem muitos desafios e por isso a prefeita Juliana assumiu o compromisso de continuar arrumando a casa, mas trazendo novidades para o município avançar como o programa de pavimentação e a construção de novos espaços de lazer, unidade de saúde… dentre outros.
Na cultura tivemos momentos importantes para o turismo e o desenvolvimento econômico da nossa cidade com as duas edições do Natal que trouxeram lazer gratuito para todas as famílias e movimentaram o comércio.
Este mandato está apenas começando.
Já realizamos reparos no telhado do prédio da Fundação Cultural, que também estava precário quando assumimos e está em andamento projeto da reforma do espaço que, infelizmente, por não ter recebido a devida manutenção, chegou a este estado (até porque a madeira de assoalho leva anos para apodrecer). Na reforma será contemplada a construção de uma cozinha.
Com trabalho, determinação e transparência, continuaremos a transformar Canoinhas em um lugar cada vez melhor para se viver, com oportunidades para todos.”
EQUIPE
Até o momento a prefeita Juliana ainda não nomeou um diretor para a Fundação Cultural de Canoinhas. Em 10 de janeiro ela publicou portaria exonerando todos os comissionados ligados à Fundação.