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Um Brasil inteiro cabe no SUV de “A Jaula”

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Esta é uma coluna de opinião. Aqui você vai encontrar notas sobre bastidores da política regional e estadual, além de artigos que expressam a opinião do colunista.

Filme ilustra com precisão as mazelas de um país

Entrevista publicada originalmente em 6/11/22. O colunista está em férias e retorna dia 24/1/23

A JAULA

COLUNA DE DOMINGO A Star+, plataforma de streaming, disponibilizou nesta semana um filme brasileiro que merece sua atenção. A Jaula conta a história de Djalma (Chay Suede). Ele interpreta um ladrão em mais um dia de roubo em São Paulo. O alvo, um carro de luxo que já estava nos planos de Djalma há um bom tempo. Tudo ocorre como previsto, ele entra no carro e rouba o que quer, faz xixi no banco, tira uma onda fazendo uma selfie, mas quando está prestes a sair, percebe que foi trancado dentro do automóvel e que não vai conseguir sair facilmente.

Entre inúmeras tentativas de sair do carro, descobrimos junto com ele que o carro é uma verdadeira fortaleza, com vidros polarizados, que impedem que se veja qualquer coisa dentro dele, blindado e a prova de som. Com uma arma na bolsa, Djalma dá um tiro que ricocheteia em sua perna, aumentando seu drama, já agravado pelo calor, sede, fome e falta de ar.

Quando o ladrão já está exausto, recebe uma ligação no sistema do carro. É o dono do SUV, interpreta por Alexandre Nero.

Médico ginecologista – “eu trabalho onde você se diverte”, diz jocosamente a Djalma – o doutor Henrique está muito chateado. Assaltado mais de uma dezena de vezes, está sedento por vingança. “Cidadão de bem”, que paga seus impostos em dia e cumpre todas as regras democraticamente ele não quer mais ser surpreendido com uma arma na sua cabeça. Por isso, preparou o carro como uma ratoeira e, prazerosamente, desfruta do resultado. Henrique mantém Djalma na ratoeira por dias a fio e o drama só termina quando o “rato” está prestes as explodir os próprios miolos por não suportar a situação.

Para Henrique, o que faz não é coisa de desalmado, do mal, afinal, ele está fazendo o que a Justiça se omite em fazer, ele está dando um jeito neste Brasil assolado por ladrões de gravata ou de chinelo. Direitos humanos, o cacete, ele está fazendo sua parte para tornar esse Brasil um país melhor, promovendo uma “higienização” por conta própria, afinal, ele é um cidadão acima de qualquer suspeita.

O desfecho da história, claro, não vou contar para não estragar sua fruição. Em tempos tão turbulentos, A Jaula é uma boa dica para refletirmos sobre os rumos que este País vem tomando. Cabe um Brasil inteiro na SUV do doutor Henrique.