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Sucessão na direção do Hospital Santa Cruz de Canoinhas tem disputa acirrada

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Reunião de Conselho teve ânimos exaltados e bate-boca

Depois de dois mandatos consecutivos, o contador Reinaldo de Lima Junior decidiu entregar a presidência do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC), cargo que exerceu de modo voluntário pelos últimos seis anos. A decisão veio porque, segundo ele, finalmente se encontrou alguém para substituí-lo, neste caso, a ex-vereadora Norma Pereira.

Ocorre que na reunião do Conselho realizada na semana passada, uma chapa contrária a de Norma foi apresentada pela advogada Flávia Sussembach.

Com o fim do mandato de Lima, havia a necessidade de indicar um novo conselho diretor, que inclui posições como presidente, vice-presidente, secretários e tesoureiros — os verdadeiros responsáveis pelas decisões dentro da instituição.

Na reunião, segundo interlocutores, ficou claro que atual direção apoiava o nome de Norma. Ainda segundo esses mesmos interlocutores, após a eleição do representante do corpo clínico (o anterior havia pedido para deixar a função) na terça-feira, 22, foi feita outra reunião, na qual a diretoria fez a indicação de Norma como presidente sendo que isso não havia sido publicizado com antecedência. O que deixou muitos perplexos, já que havia uma chapa concorrente liderada por Flávia Sussembach, apoiada pela Prefeitura, que conforme a reportagem apurou, via na advogada alguém mais flexível facilitar as negociações. Mensalmente, o Município repassa por volta de R$ 1,5 milhão para o HSCC e tem interesse em participar das decisões da instituição. O Município reclama, inclusive, da falta de prestação de contas por parte do HSCC, que é um hospital filantrópico credenciado pelo SUS, o que significa que ele vive de doações e repasses federais, estaduais e municipais. Todo o dinheiro público passa pela prefeitura para então ser repassado ao HSCC, mesmo que seja do Estado ou da União.

Para apressar o processo, no dia seguinte, a nova indicação foi levada ao cartório para registro. Contudo, após a divulgação da situação, surgiram dois pedidos de impugnação, que foram discutidos em uma reunião convocada exclusivamente para isso. No entanto, ambos os pedidos foram negados, com a justificativa de que tudo havia sido feito dentro das prerrogativas.

Durante uma segunda reunião, a situação tomou um novo rumo quando Norma, surpreendentemente, pediu a palavra e declinou do cargo. A reação de Lima foi intensa. Ele ficou visivelmente transtornado.

Para contornar a situação, Lima sugeriu que Norma ficasse no cargo por pelo menos 60 dias, tempo em que pretendiam encontrar alguém para assumir a direção.

“O que continua a intrigar a todos é por que não indicaram a Flávia, uma vez que havia uma chapa interessada e nenhuma razão explícita para não aceitá-la foi apresentada. A impressão que fica é que, no fundo, a intenção é garantir que a nova indicação venha de dentro do grupo deles, em vez de abrir espaço para novas lideranças”, disse um médico na condição de anonimato.


CONTRAPONTO

Reinaldo de Lima Junior negou qualquer irregularidade na nomeação de Norma. “Para indicar a diretoria não é preciso convocar uma eleição, cabe apenas indicação do conselho deliberativo. Confundiram a eleição do conselho com a indicação da diretoria”, explica apresentando o trecho do Estatuto que rege a sucessão. Os dois pedidos de impugnação, que foram arquivados, segundo Lima, foi pelo motivo de não fazerem sentido diante do estatuto que rege a sucessão. O atual presidente admite que se irritou com a situação porque seu mandato termina no próximo dia 30 e não há um sucessor depois que Norma, chateada com a situação, declinou do cargo. “Antes ninguém queria ser presidente do Hospital, agora estão brigando, quem bom, sinal de que fiz um bom trabalho”, conclui.

Lima diz, também, que não quer dizer que Norma ficará por 30 ou 60 dias. É até que se encontre alguém que seja aceito pelo Conselho e assuma a presidência. Ele destaca, também, que não pretende integrar a nova diretoria.

Norma reforçou que o conselho é que indica/elege diretoria e seu nome foi adequadamente aprovado. “Diante das impugnações (como sou da paz) decidi pela renúncia ao cargo. No entanto, como o mandato da diretoria atual se encerra neste dia 30/04, ficarei como presidente nos próximos dias (isto porque tem pagamentos diversos de insumos, medicamentos, salários, encargos, repasses honorários médicos etc) ficarei nesse período de transição até uma solução definitiva.”

Flávia, por sua vez, disse que esteve viajando nos últimos dias e precisa estudar melhor o assunto. “Vou tomar ciência do conteúdo completo da impugnação e verificar o estatuto para ver se há possibilidade de recurso”.