Ela foi sabatinada por vereadores na sessão desta segunda-feira, 17
A secretária de Saúde de Canoinhas, Francieli da Costa Colla, usou a tribuna da Câmara de Canoinhas nesta segunda-feira, 17, para expor o fluxo da pasta. Segundo ela, a Saúde de Canoinhas coleciona avanços. Ela citou como exemplos o aumento no número de médicos plantonistas, o serviço de plantão 12 horas em pediatria – algo inédito -, a farmácia dispensadora dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a contratação de um vigilante para a unidade. Há, ainda, segundo a secretária, fornecimento de lanche a quem fica por mais de seis horas na UPA.
Dados mostrados pela secretária apontam 33% de aumento no número de horas de atendimento médico na UPA depois que uma organização social (Ideas) assumiu a administração da unidade. O número de enfermeiros dobrou e o número absoluto de consultas aumentou 23%, segundo a secretária.
Ela ainda apontou que o número de mortes na UPA caiu de 31 para 20 se comparado o mês de janeiro de 2023 ao mesmo mês deste ano.
Sobre saúde da família, a secretária apontou aumento de 45% no número de agentes e de 100% no caso de médicos (foi de 9 para 18 profissionais). O aumento de equipes de Saúde da Família foi de 70% (2022) para 93% (2023).

Em relação ao atendimento no interior, Francieli colocou que quatro distritos têm atendimento médico diário e duas localidades têm atendimento duas vezes por semana. Seis comunidades recebem médicos uma vez por semana. A secretária ainda pontuou como avanço a abertura da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF).
QUESTIONAMENTOS
A vereadora Tatiane Carvalho (MDB) questionou o contrato com médicos especialistas. “Lembro que antes o Município contratava o Hospital Santa Cruz e o hospital contratava os médicos especialistas. Algumas vezes tínhamos dúvidas sobre estes contratos. Sabemos de todo o histórico da nossa cidade, sabemos da corrupção, sabemos como a secretária assumiu (a pasta). Mas há uma dispensa de licitação de 2022. Naquela época faltava um mês para encerrar esse contrato do Município com o Hospital e, ao analisar profundamente essa licitação, vi que foi o Município que encerrou esse contrato com o Hospital, apontando falhas no modelo de contratação. Só que, encerrado aquele contrato, Canoinhas acabou ficando com uma situação de emergência. Foi encerrado o contrato com os especialistas e o Município ficou desassistido, não poderia ficar sem os contratos. Foi feita então essa dispensa de licitação para contratar especialidades médicas por um ano. Nessa dispensa de licitação nós temos empresas de Minas Gerais e do Paraná, orçamentos datados de novembro de 2022. Essas empresas não foram contratadas. Aí temos orçamentos de empresas aqui do Município datadas de dezembro de 2022, 11 dias depois dos orçamentos das empresas de fora. Coincidentemente, apesar de ser de empresas diferentes, esses orçamentos têm os mesmos valores e mesma formatação. Gostaria de entender como esses orçamentos chegaram (à prefeitura) e gostaria de entender também se durante esse um ano que esses médicos foram contratados não foi feita uma licitação para garantir uma ampla concorrência, porque vejo agora que o Hospital foi contratado nos mesmos moldes de anteriormente.”
Francieli respondeu que havia dificuldades enormes ao assumir a Secretaria. “Naquele momento o contrato vigente não estava sendo cumprido. Não queríamos seguir com um contrato que não estava funcionando. Era um sistema de sobreaviso que não tinha atendimento. A gente queria modificar esse processo. Não havia outro caminho que não fosse uma licitação emergencial”.
A secretária justificou a dispensa dos orçamentos de empresas do Paraná e Minas Gerais pelo fato de ser um serviço de sobreaviso. “Não teriam condições de garantir o tempo de chegada para exercer o sobreaviso em até 30 minutos. Por isso optamos por empresas locais. Os orçamentos foram enviados pelo email institucional da Secretaria”, explicou.
Sobre retornar ao mesmo modelo, “hoje o Hospital oferece uma garantia de serviços, está muito melhor. Por isso e, também, pela publicização da UPA, que não permitia mais o atendimento de sobreaviso dentro da UPA”, se referindo a terceirização da UPA para uma organização social.
Osmar Oleskovicz (PSD) defendeu a prorrogação do contrato com o Hospital para a abertura de um processo licitatório mais amplo e questionou sobre o pagamento de gratificações para equipes de Saúde da Família. A única que não recebe gratificação, segundo o vereador, é a do posto do Campo d’Água Verde.
Sobre a gratificação ela disse que todas as enfermeiras que estão alocadas no Campo d’Água Verde foram convidadas a coordenar a equipe, mas nenhuma aceitou, já que a gratificação é paga ao líder. Sobre o processo licitatório, ela disse que já há uma sindicância aberta para apurar se houve uma “emergência fabricada”, conforme já havia sido insinuado por Tatiane pouco antes.
Vereador Gilmar Martins (PL) questionou Francieli sobre a fila para atendimentos na área de otorrinolaringologia pediátrica. A secretária respondeu que a demanda é do Estado. “A grande dificuldade é conseguir o médico. Já abrimos seleção na especialidade e não aparecem interessados”.
Zenilda Lemos (PL) teceu elogios à pasta e Wilmar Sudoski (PSD) quis saber o que ocorre para terem tantas reclamações de falta de fraldas para pacientes acamados. A secretária garantiu que não estão faltando e que vai verificar o que está ocorrendo para os vereadores estarem recebendo reclamações.
Willian Godoy (PSD) quis saber como está a questão da fila por tomografia, questionou a falta de profissional na área vascular e estoque de medicamentos. A secretária respondeu ser muito difícil manter todos os medicamentos na farmácia do SUS, mas que isso deve melhorar. “O programa Medicamento em Casa continua”, afirmou respondendo a outra pergunta do vereador. Ela falou em dificuldades de se manter um profissional da área vascular e lembrou que Mafra é referência na área para a região.
Sobre a tomografia, a secretária disse que “não adianta fazer tomografia em Canoinhas se a referência para a neurocirurgia não é Canoinhas”.