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Quem vai acalmar os ânimos no Brasil?

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Esta é uma coluna de opinião. Aqui você vai encontrar notas sobre bastidores da política regional e estadual, além de artigos que expressam a opinião do colunista.

No meio de uma gritaria geral, poucos parecem dispostos a ouvir

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COLUNA DE DOMINGO As manifestações contrárias à eleição de Lula (PT) para a presidência da República mostram um país dividido. Menos para o presidente eleito, que não parece muito interessado em direcionar uma palavra aos bolsonaristas convictos. Ao invés disso, faz declarações sem lógica alguma sobre a economia, demonstrando total desconhecimento do que significa a ampliação de gastos públicos. Deveria seguir um raro exemplo de Jair Bolsonaro (PL) e entregar a pasta da Economia para alguém que entende. Evitaria falar bobagens e irritar ainda mais quem já está muito irritado.

Bolsonaro fez declarações lacônicas e saiu de cena, provocando as mais delirantes teorias da conspiração entre seus seguidores. Faria muito bem se viesse a público admitindo a derrota e preparando a militância para 2026. A não ser em um regime de exceção, o Brasil tende a alternar entre direita e esquerda no poder, tal qual os Estados Unidos, nada mais intrínseco a uma democracia. Quem ganha comemora e trata de mostrar serviço e quem perde começa a traçar estratégias para o próximo pleito. Teses sobre fraude das urnas e emular o fantasma do comunismo só aumenta a tensão e tira o foco da realidade. O que já se viu do que pretende Lula passa longe de banheiros unissex e legalização do aborto (que por sinal precisaria ser aprovado por um Congresso predominantemente de direita, ou seja, não passa) e é bem mais grave. Quanto mais gastos públicos desenfreados, mais aumenta o risco um colapso econômico. Mas o sentido de realidade parece ter abandonado este país.

Senão, vejamos o comportamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Duas semanas depois da eleição eles colecionam atos arbitrários ao censurar previamente quem quer que ouse questionar a lisura da corte cujo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é um braço, e embarcam em caravana para os Estados Unidos, se hospedando em hotéis de luxo e xingando quem os contesta (“Perdeu mané” entrou para o rol de frases infames ditas por um ministro da mais alta corte do País). O mais grave: os ministros foram lá para dar suas respectivas opiniões sobre o País. Ora, dos mais graduados aos mais humildes juízes, todos sabem que se pronunciar fora dos autos é incorrer no risco de ser impedido de julgar ações que coincidem com a opinião emitida pelo magistrado. Logo, um evento tão caro fora do Brasil (promovido pelo brasileiro João Doria!) para que os ministros possam expressar suas opiniões é um total desserviço ao Brasil.

Concomitante a este abuso, Lula embarca em um jatinho emprestado de um empresário envolvido em questões minimamente suspeitas. Para Lula, a eleição parece ter sido um aval da população para ele ser quem sempre foi: adepto de favores que o levaram a cadeia, inclusive. De certa forma ele tem razão: o foro privilegiado impede que ele responda a processos durante o exercício do cargo. Triste recado que passa a população como um todo, e isso antes mesmo de assumir a Presidência.

Se é que é possível, os ânimos ficaram ainda mais acirrados com a nota dos comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha sobre as manifestações contrárias ao resultado das eleições. O alto-comando não tem competência para dar recados às instituições democráticas nem à população. “No Estado Democrático de Direito, as Forças Armadas (FA) têm de ficar caladas sobre temas civis. Devem ser o Grande Mudo. E não existe circunstância, por mais excepcional que seja, a autorizar atitude diferente”, lembra editorial de O Estado de S.Paulo de quinta-feira, 17.

Neste caldo de gritaria geral, está uma parcela radical da população que pede intervenção militar, o que é ilegal. Curiosamente, são pessoas que se consideram democráticas, participaram da campanha eleitoral, elegeram senadores, deputados federais, governadores e deputados estaduais, mas, porque seu candidato presidencial perdeu a eleição, acham-se no direito de pedir às Forças Armadas que interfiram no funcionamento do regime democrático. Ou seja, a democracia só vale em caso de vitória do seu candidato. Do contrário, instale-se a ditadura, desde que eu não apanhe do policial na esquina, claro.

Não existe democracia com intervenção militar. Se há fraudes nas urnas que se prove, o que até agora não aconteceu. O meu simples descontentamento e decepção com o eleito não justifica o que está acontecendo.

Concluindo, depois de todas as essas considerações, infelizmente, não tenho resposta para a pergunta que intitula essa coluna. Como disse Eduardo Cunha ao criticar a ex-presidente Dilma Rousseff, “que Deus tenha piedade dessa Nação”.