O ex-presidente retorna muito mais fraco do que quando fugiu do País
Depois de três meses vivendo em uma espécie de retiro, pago com dinheiro público, nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro retornou ao País nos últimos dias. E por tudo o que pudemos observar, pelo menos nesse primeiro momento ele pode ser considerado aquela carta que não tem uma serventia tão grande assim.
Bolsonaro retorna ao Brasil em meio aos escândalos envolvendo o recebimento das joias dadas de “presente” pelo governo saudita a Bolsonaro e a Michele, sua esposa. As investigações ainda devem consumir muito tempo da Polícia Federal e devem indiciar nomes fortes do antigo governo. Porém, fica claro que a questão atingiu o cerne do bolsonarismo.
Na semana passada discutimos aqui nessa coluna o erro de Lula ao declarar publicamente as suas dúvidas perante a tentativa de crime contra o senador paranaense Sérgio Moro. Porém, o que poderia ser usado como uma bomba relógio pelos aliados do ex-presidente, atualmente não é nada mais do que apenas uma lembrança que deve servir de lição para o governo não repetir.
Muitos bolsonaristas acreditavam que Bolsonaro retornaria como uma fênix e que em seu primeiro momento já conseguiria reunir uma multidão para uma revolução. Quem sabe um novo golpe, rememorando 1964? A data até combinou.
Porém desde que ele colocou os pés em território brasileiro, o que se observou foi um grupo minoritário de apoiadores no aeroporto e falas escassas da parte de Bolsoanro para com a população.
Ao observar tal movimento pode-se perceber que o ex-presidente retorna muito mais fraco do que quando fugiu do País. Isso ocorre, pois muitos de seus aliados de primeira hora perceberam que continuar a apoiar um político que abandona o barco, pode manchar a sua própria reputação.
E, é claro, não podemos nos esquecer que estamos falando da política brasileira, sempre movida por jogos de interesse. Comprova-se isso quando observamos parlamentares de partidos outrora bolsonaristas, na base aliada de Lula.
Até que se chegue a disputa presidencial de 2026 existe muita água para que se passe por debaixo da ponte da Democracia do Brasil. E dificilmente Bolsonaro será uma peça que movimentará o cenário político até lá.
As investigações referentes as joias sauditas, para desespero de alguns, dificilmente tornaram-se uma pizza. E nos melhores dos cenários pode ter respingos diretos no clã Bolsonaro.
Outro ponto a ser observado é de que atualmente Bolsonaro tem ao seu dispor um cenário perfeito, quando o assunto é finanças, isso porque, ele deve passar a receber um salário pomposo com um cargo de grande porte dentro do PL.
Fora essas questões, existem muitos outros pontos que movimentarão o jogo político nos próximos dias. Nesse meio de campo o nome de Michele parece ser o mais favorável a continuar o trajeto bolsonarista em Brasília. Mas, para que ela chegue a ocupar um cargo público, é preciso que o trabalho comece o quanto antes, afinal por muitas vezes os brasileiros parecem ter uma memória de formiga.
Sobre a volta de Bolsonaro ao Brasil, encerro essa coluna com um ditado que diz, “Rei posto, rei morto”.
