Mello pode ter entendido que a caixinha de surpresas pode existir novamente
Daqui a uma semana os eleitores catarinenses irão às urnas para decidir o resultado das eleições de 2º turno para o cargo de presidente da República e governador de Santa Catarina.
Diferente da disputa presidencial, onde as pesquisas mostram cada vez mais uma dificuldade de se entender quem será o eleito, na corrida pela Casa d’Agronômica as pesquisas já mostram o que deve ser o resultado final. Nessa semana o Grupo NSC de Comunicação divulgou uma pesquisa realizada pelo Ipec e que mostra Jorginho Mello (PL) com 59% do votos, já Décio Lima (PT) fica com 26% dos votos.
É claro, que não podemos esquecer que a política barriga verde é sempre uma caixinha de surpresas e muita água ainda pode passar por essa ponte até o dia 30. Porém o assunto agora atende pelo nome de Jorginho Mello.
Candidato do mesmo partido e até então dos mesmos ideais de Jair Bolsonaro, Mello começou a adotar uma nova postura nas suas propagandas eleitorais, o fato fez com ele meio que descolasse a sua imagem daquele bolsonarismo raiz.
A campanha a reeleição de Jair Bolsonaro adotou algumas frentes nos últimos dias. A primeira foram as fortes acusações contra Lula (PT), as quais já foram limitadas pelo TSE. A segunda foi a tentativa de construir uma imagem mais limpa do candidato em assuntos ligados principalmente à família e ao nordeste.
Em Santa Catarina, a campanha de Mello começou nos últimos dias a focar mais em assuntos ligados a propostas para determinados grupos que são bem importantes no resultado final. O candidato trouxe a público os produtores rurais, as mulheres e também os estudantes, parcelas que em algumas situações apoiam em sua maioria os candidatos de esquerda.
Mello já vinha se destacando quando o assunto eram propostas ligadas ao ensino superior, pois é dele a ideia de comprar todas as vagas do sistema Acafe. Isso fará com que grande parte da população catarinense tenha acesso a bolsas de estudo em instituições de ensino de qualidade.
Porém, nos últimos dias foi acrescentado a isso, questões ligadas as políticas públicas que serão adotadas para as mulheres e aos pequenos produtores rurais em um possível governo. Ao fazer isso Mello consegue conversar com parcelas expressivas do eleitorado catarinense.
Agora se compararmos a campanha de Mello a de Bolsonaro, parece existir um abismo entre elas. Isso porque a campanha do presidente a reeleição não consegue construir uma imagem de “bom samaritano”, tudo parece meio que forçado para o momento. Não há naturalidade em nenhuma das situações.
Já no caso de Mello, a construção é feita para que todos os eleitores possam entender, ele consegue conversar diretamente com o eleitor mais carente e também com o de maior poder aquisitivo. E aqui é preciso citar que as propostas do candidato são bem mais realistas e economicamente saudáveis do que as de Bolsonaro para o Brasil.
Agora fica o questionamento do porquê desse movimento de Mello no maior reduto bolsonarista do País. As respostas podem ser inúmeras. A primeira é que o fato de as pesquisas mostrarem ele à frente, pode fazer com que a campanha possa ter entendido que o momento é melhor para apresentar propostas do que acusar um candidato que está muito atrás.
Claro que falando de Santa Catarina, Mello pode ter entendido que a caixinha de surpresas pode existir novamente. E para não arriscar, deixou de lado o bolsonarismo raiz e resolveu apresentar as suas propostas, para que assim não corra nenhum risco futuramente.
O terceiro ponto que pode servir como resposta, encontra-se na disputa presidencial. A corrida está meio embolada, porém Lula mostra-se à frente e com maior possibilidade de se sagrar campeão. Se isso acontecer e Mello for eleito governador, ele não pode dar as costas ao Palácio do Planalto, pois se assim fizer será muito criticado.
A possibilidade no final é de que Jorginho Mello possa ter entendido que o melhor mesmo é fazer a sua campanha, apresentar propostas e poder conversar com todos os catarinenses.
Alguns podem estar pensando e lembrando da pulada para fora do barco bolsonarista realizado por Carlos Moisés, que lhe custou a reeleição. Não digo que Mello vá pelo mesmo caminho um dia, porém o que aconteceu com Moisés deve servir-lhe de exemplo atualmente, e fazer com que Bolsonaro em pessoa, apareça apenas nos últimos segundos da sua propaganda política.
