O mercado dos jogos eletrônicos sempre encontrou entre os brasileiros, um público entusiasmado e fiel. Os primeiros videogames chegaram ao país no início dos anos 80 e desde então, este mercado só se expandiu. Atualmente, segundo um levantamento da Pesquisa Game Brasil, em 2022, aproximadamente 75% dos brasileiros jogam videogame regularmente.
Entretanto, esta indústria está atingindo um novo patamar, não só por aqui, mas também, mundo afora. Entenda porque o conceito de cloud gaming está trazendo uma nova revolução para esta indústria e qual é o papel dos novos serviços por assinatura.
Mirando nas Nuvens
A tecnologia de computação na nuvem, também chamada de “cloud computing”, vem sendo desenvolvida desde o final dos anos 90. Ramnath Chellappa, professor de tecnologia da informação, foi o primeiro a utilizar o termo e desenvolver o conceito. Pouco tempo depois, as empresas mais visionárias começaram a investir na nova tecnologia, substituindo os antigos hardwares por nuvens de dados.
Não é difícil compreender o sucesso da computação de nuvem no ambiente empresarial. Ao abrir mão de equipamentos caros e que precisam de manutenção regular, a nuvem de dados pode ser acessada de qualquer lugar e não requer qualquer manutenção por parte dos usuários. Era uma questão de tempo até essa inovação chegar na indústria do entretenimento.
Talvez, um dos melhores exemplos de computação na nuvem na indústria do entretenimento seja a plataforma de streaming de filmes e séries, Netflix. Até então, quem quisesse assistir um filme, precisava ter uma mídia física (VHS, DVD, etc.) e um aparelho ligado à TV, para ler esta mídia. Alternativamente, os usuários podem baixar esses filmes na internet, salvando estes arquivos dentro do computador.
A Netflix tornou ambas as opções obsoletas, já que não requer downloads, aluguel de mídias físicas e seu conteúdo pode rodar diretamente na maioria dos celulares. Não é à toa que a Netflix revolucionou este mercado, que hoje conta com diversas plataformas do gênero. A boa notícia para a comunidade gamer é que esta inovação já chegou ao mundo dos games e ao que parece, veio para ficar.
A Jogatina Está No Ar
Assim como os serviços de streaming de filmes e séries aposentaram as mídias físicas e seus respectivos tocadores, os videogames podem estar seguindo o mesmo caminho. Sem dúvida, é um mercado bastante promissor, atraindo cada vez mais investimentos de gigantes da tecnologia, como Google, PlayStation e Microsoft. O conceito também já faz parte da indústria de cassinos online, que já faz tempo que oferece bons índices de RTP slots ao vivo, roleta, poker, entre outros, sem que nenhum download seja necessário.
A grande novidade aqui é trazer jogos de ponta para a nuvem, como as franquias Assassin’s Creed e Red Dead Redemption, anteriormente apenas disponíveis para consoles de última geração. Agora, basta aderir a um serviço por assinatura para ter acesso a estes e vários outros jogos, sem gastar um centavo em novos consoles. No ano passado, o mercado de cloud gaming chegou aos USD 5 bilhões e deve se expandir para incríveis USD 143,4 bilhões até 2032, com crescimento anual acima dos 46% até lá.
O Mercado Brasileiro
No início dos anos 80, o Brasil era apenas um mercado consumidor para games. Porém, o país está despontando como produtor e exportador de games. Por este motivo, o Congresso Nacional aprovou recentemente o Marco Legal dos Games, que deverá regulamentar o desenvolvimento, importação, exportação e comercialização dos jogos produzidos no Brasil. Agora, o Marco Legal depende apenas da sanção presidencial para entrar em vigor.
Segundo informação divulgada pela segunda edição da Pesquisa da Indústria Brasileira de Games, estudo da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), referente a 2022 e 2023, houve um crescimento vertiginoso no número de empresas desenvolvedoras no Brasil, gerando milhares de postos de trabalho. Segundo os dados mais recentes, a indústria nacional de games cresceu 8 vezes nos últimos 10 anos.
Novos Desafios
Embora as estimativas de mercado apontem para uma ascensão meteórica dos serviços de games por assinatura, ainda há muitos desafios para superar. Se em 2023, a indústria de cloud gaming atingiu USD 5 bilhões, a indústria de videogames tradicionais chegou aos USD 184 bilhões no mesmo período.
Ou seja, ainda existe uma diferença abissal entre ambos os públicos. Em um mercado que adere tão rapidamente às inovações tecnológicas, esta diferença pode ser sintomática. A Microsoft chegou a afirmar, em 2022, que esta ainda é uma tecnologia “imatura”, com diversos desafios pela frente.
Em um documento enviado para o órgão britânico de Competição e Mercado, a Microsoft listou entre os desafios, a “mudança de comportamento” dos jogadores que tal alteração representa. Porém, não é apenas o apego a velhos hábitos que está no caminho. Para o CEO da Sony, Kenichiro Yoshida, a tecnologia ainda é o principal entrave.
As plataformas de streaming de jogos ainda estão lutando para oferecer uma taxa de latência que garanta uma experiência de jogo sem travamentos. Além disso, os custos operacionais de manter uma plataforma ainda são altos demais, ameaçando a rentabilidade deste modelo de negócio.