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O conceito de saúde no mundo moderno e contemporâneo

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Para muitos, o termo saúde é simplesmente não estar doente, mas esta definição é muito limitada

Grupo de Estudos e de Pesquisas Saúde e Tecnologia a partir de uma perspectiva Multidisciplinar da Faculdade Dama*

Quando nos deparamos com o termo SAÚDE, associamos em nosso pensamento o estado de equilíbrio entre boa disposição física e psíquica com o resultado de bem-estar humano. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS), 1948, considera como definição de saúde “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade”. Contudo, o pesquisador Carlos Batistella em texto intitulado: “Abordagens contemporâneas sobre o conceito de saúde”, graduado em Odontologia, mestre em Saúde Pública e doutor em Educação, nos chama a atenção para a compreensão   do termo Saúde como: ausência de doença; saúde como bem-estar e saúde como um valor social. 

Dessa forma, o conceito de Saúde como ausência de doença, difundido pelo senso comum vem sendo estudado pelos pesquisadores desde o século XVIII com o intuito de estruturar o método científico com o objetivo de criar produtos e equipamentos tecnológicos que favoreçam os processos de diagnósticos para manter a saúde das pessoas.  

Para Batistella, o hospital, anteriormente concebido como espaço de acolhimento de doentes e miseráveis em seus momentos finais de vida, passa a ser um local pensado, estruturado em função da cura de enfermidades. Essa estruturação hospitalar passa a ser de suma importância, trazendo e inserindo a forma de vida moderna no contexto dos diagnósticos clínicos e as ações relevantes para o tratamento de patologias.

Neste mesmo pensamento os esforços se concentravam apenas na análise de doença, deixando o termo saúde como um estado de ausência da doença, ou seja, por mais substanciais que fossem os avanços desse período, permanece o questionamento: mas, o que seria saúde? Talvez um desejo, como por exemplo, quando espirramos e alguém responde “saúde”, ou ainda a ausência aparente de doenças. Assim, é importante reconhecer as dificuldades de se definir, ou conceituar o que “é saúde”. Tal qual como na física, o termo “energia”, que pode correlacionar-se a um estado de saúde, como a expressão que se emite ao acordar “hoje estou cheio de energia”, mas ao mesmo tempo em que se pode afirmar: “hoje minha casa amanheceu sem energia”. O termo ENERGIA para a física é intuitivo, pois pode se manifestar de inúmeras maneiras. Nesta direção, seria então possível dizer que o termo SAÚDE é intuitivo também? Ou ainda, a terminologia citada por Batistella, saúde – doença, pode ser considerada intuitiva?  

Para muitos, o termo saúde é simplesmente não estar doente, mas esta definição é muito limitada segundo Batistella, pois saúde – doença não são termos opostos. O termo saúde e o termo doença estão relacionados a um estado de enfermidade e a recuperação desta, ou ainda estar relacionado a um estado de bem-estar físico, mental e social, como conceitua a (OMS), não estando diretamente relacionado à saúde ou a doença, mas a um estado de bem-estar global do ser humano.

Dessa forma, o conceito de Saúde vigente nas sociedades modernas e contemporâneas nos leva a compreender sua complexidade, ou seja, dependendo da definição de saúde se apresenta num determinado contexto, o mesmo pode vincular-se ao paradigma biomédico, mecanicista, estatístico, holístico, entre outras possibilidades. Tal condição demonstra a necessidade de reconhecermos que os conceitos como os de vida, morte, saúde, doença, normalidade, anormalidade, patologias, entre outros, são definições científicas vinculadas a pressupostos políticos, econômicos e jurídicos inerentes ao Estado e suas estratégias de regulação da potência vital de sua população.

Nesta direção, tais perspectivas conceituais e analíticas nos levam a refletir sobre a redemocratização do país, no âmbito do movimento da Reforma Sanitária brasileira e que representou uma conquista social sem precedentes ao transformar-se em texto constitucional em 1988, salientando em seu enunciado como uma definição: Amplamente, a saúde é o resultado das condições sociais das pessoas, com acesso e condições dignas de  alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é principalmente resultado das formas de organização social, de produção. Ao contrário, podem gerar desigualdades nos níveis de vida, com abalo aos níveis de saúde, individual e coletiva.

Ou seja, saúde, doença, normal, patológico são definições científicas almejadas na modernidade e na contemporaneidade para orientar e potencializar a vida de indivíduos e populações. E, sob tais pressupostos, são definições políticas e jurídicas, que novamente incidem sobre a vida individual e populacional como recursos a disposição da racionalidade de Estado na potencialização da dinâmica social que o constitui e o mantém.

*Autores:

Profº Sandro Luiz Bazanella

Profª Rosimari de Fatima Cubas Blaka

Profº Vilson Finta

Profª Ana Paula Ziemann

Nelci Queiroz de Medeiros –   Acadêmica do Curso Bacharel em Enfermagem