Passagem do governador por Mafra foi para uma prestação de contas
DOIS ANOS
COLUNA DE DOMINGO Quando recebi a informação de que o governador Jorginho Mello (PL) viria a Mafra logo questionei o que ele anunciaria de investimentos. Ninguém sabia.
Fui meio descrente ao auditório lotado por comissionados, prefeitos, vereadores e imprensa. Era, portanto, o que eu suspeitava: um evento puramente político a fim de começar a esquentar os tambores para a eleição do ano que vem.
Anúncios? Para além de uma quadra esportiva em Porto União, quase nada. O encontro foi, contudo, para prestar contas. Ao final, tive uma epifania. Em mais de 20 anos como repórter nunca tinha visto antes um governador fazer dois eventos: um para prometer e outro para prestar contas, repassando, efetivamente, suas promessas e dizendo que pé estão. E eis que eu havia estado nos dois encontros.
Em 2023, no início do mandato, Mello esteve no mesmo local, o auditório do Sicoob, em Mafra, para anunciar investimentos na Casan, a obra de reforma da SC-477 e na Saúde, notadamente na ampliação do Hospital São Vicente de Paulo. Agora, dois anos depois, ele veio para mostrar em que pé estão esses investimentos. Achei digno e muito honesto por parte do governador, que soma pontos com o Planalto Norte investindo dinheiro direto onde precisa ser investido, sem criar estruturas megalômanas como as Secretarias de Desenvolvimento Regional – a ideia até poderia ser boa, mas a aplicação se revelou um baita de um elefante branco – ou com atravessadores do gênero.
Não se trata de dizer que está tudo 100%. Longe disso. Temos o flagelo da SC-120 que, frise-se, tem dinheiro sendo investido, mas me parece pouco e há, também, uma certa negligência por parte da empresa contratada para conservar a rodovia de chão batido.
Assunto tão urgente quanto é o do saneamento. Este ano completa-se 10 longos anos do início da instalação do saneamento em Canoinhas. A Casan concluiu 25% das obras, mas desde então nada mais foi visto. Curiosamente, Mafra avançou 20% nos dois últimos anos no mesmo setor. O governador anunciou, em 2023, R$ 18,1 milhões para o saneamento em Canoinhas. Para onde foi esse dinheiro? Ou não foi? Nesta semana, Mello voltou a falar em investimentos em saneamento e demonstrou pressa: “Temos até 2033 para completar 90% de cobertura”, se referindo ao marco do saneamento. O porque de as obras ainda não terem sido retomadas é um mistério. Tentei questionar o governador na coletiva de 3 minutos em Mafra na qual duas perguntas foram feitas, sendo uma delas pela própria equipe do governador. No final do ano passado, o gerente da Casan de Canoinhas demonstrou desconhecer qualquer valor empenhado, citando um empréstimo que deve sair neste ano.
Sempre há o que se melhorar, mas vejo que Mello está em um caminho correto ao demonstrar interesse pelos problemas dos Municípios -conversou individualmente com todos os dez do Planalto Norte – e por efetivamente estar se caracterizando como um governador municipalista.
A título de comparação, a grande contribuição de Carlos Moisés com Canoinhas no governo passado foi a compra do Colégio Sagrado Coração de Jesus por R$ 6 milhões. Mello, em dois anos, já investiu R$ 128 milhões na SC-477 e mais R$ 10 milhões na compra de maquinário para a prefeitura. Os números falam por si só.
