Adolar Alves dos Santos tinha 62 anos
A família de Adolar Alves dos Santos, de 62 anos, busca respostas sobre as circunstâncias que o teriam levado à morte. De acordo com familiares, o homem era natural de Canoinhas e vivia há 41 anos como andarilho, mesmo com constantes tentativas de parentes em ajudá-lo a sair das ruas. Ele teria sido atropelado na noite de quarta-feira, 16, na rua Roberto Ehlke, em Canoinhas, e mesmo após atendimento do Corpo de Bombeiros e encaminhamento à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o homem morreu na quinta-feira, 17.
No atestado de óbito compartilhado com a reportagem do JMais pela família de Adolar Alves dos Santos, consta a informação de que ele sofreu politraumatismo. No campo do documento onde devem ser anotadas prováveis circunstâncias de morte não natural, a informação anotada à caneta é de que ele sofreu “atropelamento em estacionamento”. Segundo familiares, o responsável pelo atropelamento teria fugido do local sem prestar socorro.
Uma sobrinha de Adolar alega que a família monitorava o homem com frequência, mesmo com a opção dele por viver nas ruas de Canoinhas. “Sempre que íamos ao centro, comprávamos comida e entregávamos a ele, queremos que fique bem claro que ele não era um indigente”, destacou.
Ela comentou também que a família tentou fazer um encaminhamento do homem ao Centro de Assistência Psicossocial (Caps), mas ele sempre fugia e se recusava a receber ajuda dos parentes. “Nós queremos achar os responsáveis pela morte dele, porque não esperávamos que ele fosse morrer desta maneira”, comentou a sobrinha.
DESCOBERTA DA MORTE
A família soube da morte do homem por acaso. Duas sobrinhas de Adolar estavam no Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) para a realização de alguns exames de rotina, quando viram o homem em uma maca. Os socorristas do Corpo de Bombeiros haviam acabado de dar entrada na unidade hospitalar após o resgate do homem. Elas tiveram de comprovar parentesco com Adolar.
A família relata que ele passou a noite de quarta-feira, 16, internado no HSCC e, na manhã seguinte, foi transferido ao Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra. Por volta das 6h de quinta-feira, 17, ele morreu. “Ele era uma pessoa em situação de rua, mas tinha família, e a pessoa que o atropelou devia ter prestado socorro”, comentou uma parente à reportagem reafirmando que Adolar vivia na rua por opção.
Conforme informações do Corpo de Bombeiros, equipes foram acionadas para atender à vítima do atropelamento no bairro Jardim Esperança na noite de quarta-feira, 16, em um estacionamento particular.
O relatório dos bombeiros aponta que o homem foi encontrado caído no chão, porém consciente e sem sinais de desorientação. Ele tinha ferimentos nos braços e nas pernas, assim como escoriação nas laterais do quadril e na área genital. Após os procedimentos de atendimento pré-hospitalar, o homem foi encaminhado à UPA de Canoinhas.
O setor de comunicação do 3º Batalhão da Polícia Militar de Canoinhas também foi procurado pela reportagem do JMais. De acordo com as informações repassadas, uma equipe policial foi acionada pela própria equipe da UPA, assim que Adolar deu entrada na unidade, com apoio do Corpo de Bombeiros. Os policiais chegaram a fazer buscas pela região na tentativa de localizar algum suspeito, mas não foi encontrado.
INQUÉRITO
A família alega que fez um boletim de ocorrência nesta terça-feira, 22, na Delegacia de Polícia Civil de Canoinhas, registrando a identidade do homem e relatando as circunstâncias em que ele foi encontrado, com informações do Corpo de Bombeiros.
De acordo com os familiares, a Polícia Civil deve instaurar um inquérito para apurar mais detalhes do acidente e encontrar o responsável pelo atropelamento.