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Estação Carandiru e o maior massacre da história em presídios brasileiros

Imagem:Arquivo

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O livro não tem como finalidade julgar as pessoas

Maria Eduarda Portes de Souza*

Você sabia que o livro Estação Carandiru apresenta uma visão holística de dentro de uns dos maiores presídios da história do Brasil? Escrito por Drauzio Varella, médico oncologista e escritor brasileiro, tem essa denominação dada a localização no bairro do Carandiru em São Paulo. A casa de detenção foi desativada em 2002 e hoje abriga um centro cultural. O livro foi publicado pela primeira 1999 pela editora companhia das letras.

Drauzio Varella narra sua própria experiência como médico na casa de detenção. Seu trabalho voluntário de prevenção a Aids exerceu um grande impacto, visto o presídio passava por uma crescente da doença, e foi exatamente pelo contato com os presos que angariou respeito e permissão para acessar as histórias mais intimas contadas na obra.

No decorrer das páginas o leitor acompanha a trajetória de Drauzio Varella no tratamento dos detentos com instrumentos e ambientes precários, bem como, na busca de ensinar a prevenção da Aids. Ao longo da narrativa conhecemos pessoas que marcaram a vida do autor, através de histórias de sobrevivência e de crimes cometidos. É possível reconhecer o arrependimento, a humanidade e a insensatez. São visíveis na época o judiciário e o sistema carcerário como opressores e impiedosos

Sofrendo com a superlotação, o espaço comportava 4.000 presos, mas, lá  moravam mais de 7.500 homens! Com isso, era difícil a vida dos detentos. Os processos passavam meses parados, homens que deveriam estar em liberdade, continuavam presos pela negligência, ineficácia ou morosidade do poder judiciário. Faltava simplesmente a aplicação da lei, até mesmo o condenatório.

Em 2 de outubro de 1992 aconteceu uma mega rebelião. Denominado como massacre do Carandiru, resultou oficialmente em 111 homens mortos, porém, na narrativa dos detentos foram mais de 250. A invasão contou com policiais militares do pelotão de choque, equipados e acompanhados de cães. Alguns presos nem haviam passado pelo julgamento, entretanto, foram sentenciados. Durante o ocorrido nenhum policial militar foi morto ou ferido.

Em 8 de dezembro de 2002 a casa de detenção teve sua demolição parcial, metade foi implodida, juntamente com ela, ficaram sob escombros as histórias de milhares de pessoas, que pagaram sua dívida com a sociedade ou não, alguns ressocializados, outros não. O livro não tem como finalidade julgar as pessoas, esse é o papel o judiciário, simplesmente mostra as mazelas sociais e econômicas de uma população em tempo e espaço delimitado. Os erros, só serão possíveis reconhecer pela história!

*Maria Eduarda Portes de Souza, acadêmica do 3° período do curso de Direito – UGV Canoinhas. Este texto foi supervisionado pelo  professor  Felipe Onisto, docente na  disciplina de Sociologia e Filosofia Jurídica