Adversários políticos precisam provar que estão do lado certo esquecendo mágoas do passado
VOTO DE CONFIANÇA
“Aqui não tem acordinho de gabinete, aqui não tem tapinha nas costas, aqui é trabalho de verdade”. A frase que antecedeu o gran finale do discurso de posse de Juliana Maciel (PSDB) – “os homens que estão aqui que me perdoem, mas estava faltando uma mulher na prefeitura de Canoinhas” -, resume os motivos pelos quais ela foi eleita. Já escrevi outras vezes que Juliana capitalizou as prisões da Et Pater Filium, pregando um discurso anticorrupção.
Que os canoinhenses nunca se esqueçam do que fizeram Beto Passos e Renato Pike, mas à Juliana, feito este ato de desagravo, cabe agora arregaçar as mangas e mostrar serviço. A todo o povo, incluindo os eleitores dos outros três candidatos, cabe um voto de confiança, inclusive de nós da imprensa. É hora de apoiarmos e entendermos os tão intensos desafios que a prefeita terá em tão exíguo tempo. Canoinhas está colapsada, com uma péssima imagem no Estado e sem nem documentação para viabilizar o recebimento de verbas.
Este apelo precisa se estender, principalmente, aos adversários políticos de Juliana, especialmente aqueles que estão na Câmara de Vereadores e que, observe-se, são maioria.
Como vereadora, Juliana não perdeu a oportunidade de cutucar Willian Godoy (PSD), Osmar Oleskovicz (PSD), Wilmar Sudoski (PSD), Mauricio Zimmermann (PL, que deve presidir o Legislativo no ano que vem) e Gil Baiano (PL). Inexorável ao ser humano, a mágoa e o desejo de revanche certamente estão pulsando na carótida de todos, mas nenhum deles pode esquecer que, embora nada tenham a ver com as maracutais de Pike e Beto, precisam sobretudo mostrar que estão do lado certo da história, ou seja, que repudiam de fato a corrupção, apoiando Juliana. A primeira prefeita da história da Canoinhas assumiu justamente por apresentar ficha limpa e qualquer tentativa de boicotar seu governo pelo simples prazer de azedar ações da prefeita que possam parecer legítimas aos olhos do eleitor, pode trazer um revés ao próprio vereador. O feitiço pode virar contra o feiticeiro.
Não se trata, por óbvio, de dizer amém para tudo o que Juliana diz e faz, mas ninguém é bobo nessa história e o que parecer perseguição dessa forma será compreendido pelo eleitor.
PRESTÍGIO
A quantidade de prefeitos que vieram prestigiar a posse de Juliana Maciel (PSDB) foi considerada uma demonstração de prestígio. Isso, claro, desconsiderando-se que pela primeira vez em muito tempo tem-se uma posse fora de época na região. Por óbvio que em posses regulares em todas as cidades do Brasil o empossado assume no dia 1º de janeiro.
QUASE CERTO
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Canoinhas, Renato Mattar Cepeda, fez um discurso exaltando o valor da democracia. Ao cumprimentar os integrantes da mesa, confundiu Gil Baiano com Gilson Baiano; Marcos Homer com Marcio Homer e a promotora Bianca Andrighetti Coelho trocou por Bianca Neppel. Nos dois últimos casos corrigiu-se prontamente.
PÉRIPLO
Os deputados Paulinha e Marcos Vieira estavam desde às 5 horas tentando embarcar para Canoinhas a fim de assistir a posse de Juliana. Por causa da situação caótica das estradas, tiveram de pedir carona em um avião de um amigo de Paulinha. O problema foi conseguir teto para pouso. Resumo da história, os dois só conseguiram botar os pés na Câmara às 10h30, o que justificou o atraso para o início da cerimônia.
SINCERONA
A deputada Paulinha bateu uma real durante a cerimônia. “A imagem do Planalto Norte pro lado de lá (apontando para Florianópolis) não é das melhores. Falo isso porque tenho vínculo com uma família canoinhense que é de uma retidão implacável fico pensando, pô, não é justo. O Planalto Norte sangrou de um jeito, Canoinhas foi uma cidade nos tempos áureos do governo Moisés, quando mais se tinha recursos para se distribuir para a cidade, a cidade estava inviabilizada para receber recursos porque a cidade tinha um prefeito preso, um vice preso e uma desconfiança estratégica que o Willian não foi capaz de superar no seu pouco tempo de gestor em razão do momento em que ele chega. Ele chega já tinha acabado metade da distribuição de recursos, ou seja, Canoinhas perdeu, e muito. Foi o Município que menos teve chances de receber grandes obras”.
“Não há tempo para Canoinhas promover disputas”
Da deputada Paulinha, conclamando união política em prol da reconstrução da cidade
OTIMISTA

Agora de volta à Câmara de Vereadores, Willian Godoy (PSD) conclamou os colegas a unir esforços na busca por recursos para a cidade. Adequadamente, disse que não prestaria contas de seu governo, mas celebraria a posse de Juliana deixando esse momento de revisão de mandato para a próxima sessão da Câmara. Garantiu, também, apoio à Juliana em prol do Município. A ver.
“Andei ao lado do erro, mas não errei”
Do ex-prefeito em exercício Willian Godoy