Prefeita se tornou grande alvo do debate e ajudou a demarcar posições dos candidatos
DEBATE
O debate da Rádio Clube exibido na noite de sábado, 28, deixou claro o posicionamento dos quatro candidatos. Juliana Maciel Hoppe (PL) não foi, aparentemente por achar que a emissora não teria isenção o suficiente para um debate imparcial. Oficialmente, a campanha dela não se pronunciou sobre o motivo. Por mais suspeitas que se lance sobre a Clube, de fato, o debate foi muito bem organizado e, principalmente, conduzido com maestria pelo jornalista Gabriel De Bem. O regulamento não permitia nenhuma manobra marota por parte da organização.
Evidentemente, a ausência de Juliana deu munição principalmente para Paulo Basilio (MDB) e Andrey Watzko (PT) baterem na prefeita. “Não fujo de debate”, cravou Basilio logo na primeira participação, chamando-a de “fujona”.
“Onde estão os R$ 40 milhões que ela pegou de empréstimo? Porque ela sai por aí falando que a saúde está funcionando se não está”, disse logo em seguida, Watzko.
No confronto entre candidatos, Andrey começou levantando a bola para Basilio cabecear. “O que você acha da atual gestão?”, questionou. Basilio, claro, usou a questão para criticar duramente o governo de Juliana. “É isso aí Paulinho”, rebateu Andrey citando que Juliana tem 120 cargos comissionados e falando em “pesquisa falsa”, referência ao levantamento divulgado no sábado, 28. Com pegadas bem leves entre os dois, parece haver um acordo senão explícito, tácito, para bater em Juliana, ao passo que Cleverton Durau (Podemos) não defendeu a prefeita, mas tampouco fez críticas ácidas a sua gestão como Basilio e Watzko. As suspeitas de alinhamento levantadas de ambos os lados têm fundamento.
“A candidata Juliana deixou o interior abandonado”, disse Samuel Lubke (PRTB), o único que claramente está sozinho nesse barco. “O Beto Passos e o Pike fizeram uma boa administração, mas pecaram pela corrupção”, disse em seguida.
Durau acusou o vereador candidato a reeleição, Willian Godoy (PSD) de espalhar uma mentira, “de que nós estaríamos aliados a candidatura de Juliana Maciel. Estamos subindo nas redes os links dessa denúncia”, afirmou.
Basilio chamou Durau de “representante de Juliana”. E fez uma grave denúncia, a de que, conforme consulta ao Conselho Regional de Medicina, o pediatra da UPA não é pediatra. “Mais uma mentira, o pediatra da UPA não é pediatra.”
Durau, em rara citação a Juliana, pediu que a prefeita não fuja. Andrey disse que o PSD e MDB estão querendo voltar a administrar Canoinhas para desrespeitar o piso nacional do magistério. As duas falas pareceram uma tentativa de despistar o eleitor sobre suas reais intenções.
O momento mais tenso do debate foi protagonizado por Durau e Basilio. Basilio disse que ficou uma “magoazinha em Durau porque ele não foi seu vice. Imagina que eu trocaria o Beto Faria? Não sou nem louco. Por isso ele me ataca”.
Durau rebateu. “Vocês estiveram no meu escritório oferecendo uma secretaria e cinco cargos comissionados. Juliana já trocou seis vezes o secretário de Obras, ela nem apresenta mais o secretário porque não dá tempo. Quando um tá pegando na enxada, o outro tá indo buscar a pá”, disse sobre a prefeita.
Basilio rebateu: “O senhor não é só ruim, é mentiroso. Gente incompetente, como é o seu caso, não terá vaga no nosso governo. Isso é como amor não correspondido, passa.”
Lubke chamou a prefeita de “mentirosa do tiktok. Estamos aqui para colocar fogo no circo. Quero te encontrar Juliana, precisamos colocar as cartas na mesa.”
Andrey lembrou da fala de Juliana no debate da 98FM em 2022. De que “dinheiro tem, é só saber fazer.”
O confronto esquentou o caldeirão que tende a ferver na quinta-feira, 3, quando os candidatos voltam a se encontrar no tradicional e aguardado último debate promovido pelo JMais. Desta vez com plateia. A transmissão será ao vivo pelo canal do JMais no YouTube a partir das 20h.
ALTOS & BAIXOS
Andrey Watzko (PT) foi bem ao explorar fragilidades do governo Juliana Maciel Hoppe como os 120 comissionados e a fala da prefeita de que “dinheiro tem, é só saber fazer”, dita no debate da 98FM em 2022.
Foi mal ao fazer perguntas amenas demonstrando um possível acordo com Paulo Basílio.
Cleverton Durau (Podemos) foi bem ao provocar Basilio citando os atos de corrupção em que o pai do candidato foi condenado por criar equipes fictícias de saúde da família. Ainda mencionou a corrupção do governo Passos como outro exemplo.
Foi mal ao não convencer que não esteja alinhado a Juliana. Também ao dar ar de denúncia a um comentário feito por Willian Godoy em uma rede social.
Paulo Basilio (MDB) foi bem todas as vezes que estocou a prefeita. Sem Juliana para se defender, conseguiu impor suas acusações, como a do pediatra da UPA.
Foi mal ao ser ameno com Watzko, empregador de Beto Passos na rádio Nativa, o que reforçou seu vínculo com o ex-prefeito.
Samuel Lubke (PRTB) foi bem ao demonstrar independência para criticar, concentrando seus ataques à prefeita.
Foi mal ao insistir que o combate às drogas tem de ser uma prioridade do governo municipal. A pauta é nobre, mas o eleitor, creio, prioriza outras coisas.
CURIOSO
Uma das pautas do candidato Samuel Lubke, a de criar uma guarda municipal, é citada por mais da metade dos candidatos a prefeito do Brasil conforme levantamento feito pelo jornal O Globo.
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prefeituras do Brasil têm a mesma sigla governando há mais de 20 anos conforme levantamento do Estadão
PRESENÇA
O governador Jorginho Mello (PL) estará nesta segunda, 30, às 8h em Canoinhas. A visita, claro, tem cunho eleitoral. Como a coluna adiantou, ele tirou licença para apoiar os candidatos do partido pelo Estado. Em Canoinhas vai se reunir com Juliana Maciel Hoppe (PL) e partidários.
IDEOLOGIA
O partido Novo é a legenda mais à direita no país, papel que à esquerda é ocupado pelo PSTU. O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, é o segundo mais à direita, enquanto o PT, do presidente Lula, é o quinto mais à esquerda. Ao centro está o MDB.
A definição sobre o grau de ideologia de 28 partidos registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral foi dada pelo GPS partidário, modelo estatístico criado pela Folha de S.Paulo para medir a proximidade entre as legendas a partir de quatro variáveis.
A métrica considera a migração de candidatos entre as eleições de 2020 e 2024, a participação em frentes parlamentares, as votações na Câmara dos Deputados de 2023 até 15 de agosto e as coligações formadas para as eleições de outubro.
Os partidos foram posicionados em um ranking de proximidade, que reflete preferências políticas e ideológicas. Quanto mais próximo de 1, mais à esquerda. Quanto mais próximo de 100, mais à direita.
SEGUNDO TURNO
As eleições municipais de 2024 acontecem no próximo dia 6, e o período eleitoral pode se estender até o final de outubro em três cidades catarinenses. Em todo o país, do total de 5.569 cidades que participam do pleito, 103 podem ter segundo turno de votações para prefeitura.
Em Santa Catarina, as cidades de Blumenau, no Vale do Itajaí, Joinville, no Norte, e a capital Florianópolis podem levar a disputa a prefeito para uma segunda fase. Isso porque esses municípios são os únicos com mais de 200 mil eleitores no Estado, critério que define a possibilidade de segundo turno.