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Criança doente volta para casa sem exame e sem remédio após atendimento na UPA de Canoinhas

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Secretaria de Saúde alega problemas com o laboratório terceirizado

Na madrugada de 4 de setembro, uma quarta-feira, a mãe de um menino de 8 anos se surpreendeu ao perceber que o filho estava passando mal. Dentre outros sintomas, o menino apresentava febre alta, de 39,5 graus. Ao chegar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas, foram colhidas amostras de sangue e urina, mas os exames para identificar o que a criança tinha jamais chegaram a ser realizados.

De acordo com o relato da mãe do menino, Zileide Santana de Oliveira, depois de duas horas e meia aguardando pelo resultado dos exames para identificar o quadro clínico de seu filho, o médico informou que o laboratório terceirizado que realizaria o exame a partir das coletas de material “estava difícil”, e que não seria possível utilizar as amostras, pois o sangue já havia coagulado.

A mãe do menino relatou ainda que o médico achou melhor não colher novas amostras, apenas receitou medicamentos e deu alta à criança. “Ele passou medicação que era para ter na farmácia da UPA, mas para minha indignação, não tinha nenhum medicamento descrito, nenhum deles, principalmente paracetamol”, destacou a mulher.



PROTOCOLO

Em nota (leia a íntegra abaixo), a secretária de Saúde de Canoinhas, Francieli da Costa Colla, destaca que “a UPA se empenha em oferecer o melhor atendimento possível” e que a conduta do médico foi em conformidade com protocolo clínico indicado para febre em crianças.

A secretária alega que houve “um imprevisto com o laboratório terceirizado”, mas não explica qual teria sido a situação. Segundo ela, o médico optou por não submeter o menino a um novo procedimento invasivo naquele momento, “já que a avaliação clínica inicial não indicava uma emergência que justificasse uma nova coleta imediata”.

“Embora os exames não tenham sido realizados, o médico baseou-se em uma avaliação clínica cuidadosa e criteriosa para direcionar o tratamento. Ele considerou os sinais clínicos observados e prescreveu medicamentos indicados para aliviar os sintomas apresentados”, destacou.

No que diz respeito à falta de medicamentos básicos, a secretária justificou com dois motivos. O primeiro seria por conta de um aumento fora da expectativa do uso de alguns medicamentos, ocasionando a falta. O segundo seria por conta de atraso na entrega por parte de fornecedores. Ela alega serem “coisas que fogem da rotina”.

A assessoria de imprensa da Prefeitura comunicou que o estoque já foi restabelecido.



CONTRAPONTO DO LABORATÓRIO

A reportagem do JMais entrou em contato com o laboratório terceirizado que prestava serviços à UPA na madrugada em que a situação ocorreu. Conforme o sócio-proprietário do laboratório, João Francisco de Mattos, a função laboratorial exercida pela empresa é analisar as amostras já coletadas pela instituição.

Segundo Mattos, a amostra de sangue coletada do menino naquela madrugada já chegou coagulada ao laboratório. “Não fizemos a análise e recomendamos a imediata recoleta, como clinicamente é usual nesses casos”, alegou.

O posicionamento do proprietário do laboratório, portanto, difere da secretária de Saúde de Canoinhas, que alega que o laboratório terceirizado “enfrentou dificuldades técnicas no processamento das amostras” e por este motivo, segundo ela, “houve a coagulação do sangue antes da realização dos exames”.

O proprietário do laboratório finaliza o contato da reportagem do JMais com “aqui encerra nossa participação nesse episódio”. Ele chegou a ser informado pela reportagem de que a versão da Secretaria de Saúde sobre o ocorrido difere da que ele apresentou, porém não elaborou mais nenhuma resposta.


LEIA A NOTA DO MUNICÍPIO NA ÍNTEGRA

“A UPA 24h atende quase cinco mil pessoas por mês. Neste um ano e meio de gestão o atendimento na UPA melhorou. Agora a UPA tem pediatra, alimentação para pacientes em internamento prolongado, rouparia nova e mais horas de até médico em atendimento.
Neste período de funcionamento a média mensal de entrega de remédio é de cerca de 28 mil unidades mensais na UPA. Ressaltamos que a entrega de remédios na unidade facilitando a vida dos pacientes foi implantada há cerca de um ano. O estoque lá foi restabelecido. Houve atraso no fornecimento de alguns itens específicos.

Abaixo, a secretária de saúde traz explicações sobre a atuação do médico.

Agradecemos por compartilhar sua experiência conosco. A UPA se empenha em oferecer o melhor atendimento possível, e gostaríamos de fornecer uma explicação sobre os acontecimentos que geraram sua insatisfação, buscando esclarecer os pontos levantados.”Agradecemos por compartilhar sua experiência conosco. A UPA se empenha em oferecer o melhor atendimento possível, e gostaríamos de fornecer uma explicação sobre os acontecimentos que geraram sua insatisfação, buscando esclarecer os pontos levantados.

  1. O médico de plantão procedeu conforme o protocolo clínico indicado para febre em crianças, solicitando exames laboratoriais como medida preventiva para descartar possíveis complicações. No entanto, devido a um imprevisto com o laboratório terceirizado, que enfrentou dificuldades técnicas no processamento das amostras, houve a coagulação do sangue antes da realização dos exames.
    Entendemos que a coleta não ter sido repetida pode ter causado desconforto, mas o médico, visando o bem-estar de seu filho, optou por não submetê-lo a um novo procedimento invasivo naquele momento, já que a avaliação clínica inicial não indicava uma emergência que justificasse uma nova coleta imediata (lembrando que o foco da UPA é atendimento de urgência e emergência para salvar vidas). Não nos eximimos de responsabilidade, porém trabalhamos para que o atendimento seja o mais rápido possível, dentro da nossa realidade.
    Para comparação, exames nas redes privadas (particulares) podem ser até mais demorados, coleta-se pela manhã, para ter os resultados no final do dia, ou até mesmo em dias subsequentes.
  2. Reconhecemos a frustração em relação à ausência dos medicamentos prescritos na farmácia da UPA, e entendemos que a falta de um medicamento básico como o paracetamol não deveria ocorrer. A gestão da UPA está ciente deste problema e já está trabalhando para resolver qualquer falta de estoque reforçando o abastecimento de medicamentos essenciais a fim de que situações como essa não se repitam. (Todos os medicamentos são comprados baseados na média do uso mensal, para não haver desperdício, respeitando o dinheiro público, porém, algumas vezes por doenças sazonais, ocorre um aumento fora da expectativa do uso de alguns medicamentos, ocasionando a falta dos mesmo. Coisas que fogem da rotina. Outra intercorrência é o atraso na entrega por parte dos fornecedores).
  3. Embora os exames não tenham sido realizados, o médico baseou-se em uma avaliação clínica cuidadosa e criteriosa para direcionar o tratamento de seu filho. Ele considerou os sinais clínicos observados e prescreveu medicamentos indicados para aliviar os sintomas apresentados. Recomendamos que, caso o quadro persista ou piore, uma nova avaliação seja realizada em outra unidade ou através da rede hospitalar disponível.
  4. Num passado recente não haviam exames e nem dispensação de medicamentos na UPA, porém afirmo que trabalhamos diuturnamente para melhorarmos ainda mais.
  5. Estamos à disposição para responder a quaisquer dúvidas adicionais ou acompanhar o seu filho, caso necessário. Nosso compromisso é sempre garantir o bem-estar e a segurança dos nossos pacientes.”