De modo geral, tom cordial imperou
DEBATE
O debate desta terça-feira, 24, com os candidatos a prefeito de Bela Vista do Toldo, expôs parte da tática adotada pelos candidatos. Em geral, todos operaram na defensiva, de modo a não dar pedradas para não levar pedradas. O debate da Rádio Planalto na semana passada já tinha dado uma ideia a cada um deles do que esperar dos adversários.
A dinâmica do debate do JMais, contudo, fez os candidatos revelarem seus principais alvos. Pelo regulamento eles tinha liberdade para selecionar quem gostariam que comentasse suas respostas e respondesse suas perguntas, mesmo que já tivessem sido escolhidos no bloco por outro adversário.
Dessa forma, Rosiani (Podemos) parece ter sido o alvo principal de todos. Ela foi provocada seis vezes para responder ou comentar. Sandro Mielke (Republicanos), Tito Pires (PSB) e Dauvã Mizwa (PT) foram provocados quatro vezes cada. Já Carlinhos Schiessl (MDB) foi chamado duas vezes. Em um dos momentos mais tensos do debate foi questionado por Mielke sobre um processo que responde na Justiça.
Ao que parece os candidatos avaliaram as oportunidades e riscos do debate. Rosiani, a despeito de seu programa de governo e carisma, tem dificuldade de se expressar – chegou a esquecer uma palavra -, logo, seus adversários quiseram expor essa dificuldade bombardeando-a de perguntas. Contudo, nenhuma foi mais enfática. Quem foi mais incisivo foi Tito, ao colocar em dúvida seu desempenho como secretária da Assistência Social. Mielke também tentou desestabilizar a candidata levantando uma questão sobre a mesma secretaria. Para todas as perguntas, Rosiani manteve um discurso superficial, de que tudo vai mudar se ela for eleita, entrando poucas vezes e de modo superficial na questão de fato.
Nesse ponto, instado a responder duas questões mais apimentadas, Carlinhos foi bem mais enfático. Como o eleitor viu essa defensiva de Rosiani e essa posição incisiva de Carlinhos é uma incógnita.
Em uma posição mais confortável, Mizwa foi o que ofereceu as respostas mais claras e didáticas. Ancorado no apoio que tem de integrantes do Governo Federal, em nenhum momento citou nominalmente a sigla. O PT, historicamente, é fraco em Bela Vista do Toldo, porém, em 2022, com o amplo domínio de Jair Bolsonaro em cidades do Planalto Norte, foi uma das cidades da região onde Lula teve melhor votação (33,03% no 1º e 35,31% no 2º turno).
Mielke e Tito demarcaram posição ao estocar Rosiani, mas pouco se sobressaíram ao responder e comentar. Quando questionado se Adelmo Alberti teria influência sobre seu possível governo, Milelke deu uma resposta evasiva. Só foi incisivo em dizer que não quando instado pelo mediador. Tito, por sua vez, afirmou que Alberti é seu amigo. O que o eleitor vai achar disso é outra incógnita.
Bela Vista do Toldo tem uma das eleições mais disputadas de toda a comarca, senão a mais disputada. O que se viu do debate foi uma tentativa de Mielke e Tito de isolar Carlinhos e estocar Rosiani, um indício de que, talvez, os dois sejam os adversários a serem batidos na visão dos dois candidatos. Mizwa, me parece, orbitou em torno dos demais, mais preocupado em se credenciar como um player importante, se desconectando dos escândalos passados do seu partido, numa tentativa de convencimento do eleitorado de que tem uma história bem diferente de petistas que se lambuzaram na Lava Jato e Mensalão, uma lembrança bem viva na região, apesar de todos os condenados estarem soltos, muitos inocentados e, inclusive, recebendo de volta multas pagas ao erário.
Importante elogiar a postura educada de todos os participantes do debate, tanto com a produção quanto com os adversários. Deixaram a rivalidade, de fato, nas perguntas, quando essa rivalidade de fato apareceu.
BOLSONARO X LULA
Assim como Mizwa não citou o PT nominalmente, os demais sequer fizeram menção as questões caras à direita bolsonarista. O PL, curiosamente, não tem candidato na cidade. Outra anomalia é o fato de o atual prefeito pertencer ao partido do ex-presidente Bolsonaro, mas não concorrer a reeleição.
VERÃO PASSADO
Ao tentar estocar Sandro Mielke, Rosiani afirmou que foi ele, enquanto presidente da Câmara, que vetou um pedido de empréstimo que melhoraria as condições de mobilidade na cidade. À época, quem tentou esse empréstimo e ficou extremamente irritado com o veto de Mielke foi… Adelmo Alberti.
PETARDO

O MDB ganhou mais uma representação contra a campanha de Juliana Maciel Hoppe (PL). A campanha de Paulo Basilio (MDB) apontou irregularidade na plotagem do comitê do partido da rival. O recurso foi negado na comarca, mas deferido na instância estadual. O desembargador Sergio Francisco Carlos Graziano Sobrinho acatou o pedido para mandar Juliana reduzir o tamanho da propaganda.
“Pelo exposto, dou provimento ao recurso, para determinar a imediata adequação ou retirada da propaganda eleitoral irregular, além de aplicar multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) às recorridas, de forma solidária”, escreveu o desembargador.
CONTRAPONTO
A Pastora Loreni, candidata a vereadora pelo UB citada na denúncia contra a prefeita Juliana Maciel Hoppe (PL) e a candidata a vice, Zenilda Lemos (UB), relacionada a suposta propaganda eleitoral feita em um templo religioso, emitiu a seguinte nota na tarde desta terça, 24:
“Não houve em nenhum culto da Igreja Quadrangular o pedido de votos a quem quer que seja. O que houve, na verdade, foi o convite e a participação das mencionadas pessoas em uma Conferência de Mulheres, um evento fechado, inclusive com inscrição paga pelos participantes, no qual todas as manifestações ocorreram dentro da liberdade de culto.
É fato que oramos por todos os candidatos a prefeito e vereadores, não só de Canoinhas, uma vez que a conferência era de mulheres de toda a região do planalto norte.
Me manifesto, como pastora da Igreja Quadrangular, que respeito a decisão, mas reafirmo que não houve pedido de voto, nem a realização de propaganda eleitoral, como pretendo demonstrar adiante na representação judicial, através do recurso cabível.”
COLETIVAS
O número de candidaturas coletivas nas Eleições 2024 aumentou em Santa Catarina em comparação com a disputa de 2020. Um levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) identificou 15 candidatos a vereador que prometem dividir o mandato com parceiros ou coletivos.
“Não existe eleição ganha. Temos cinco candidatos com condições de ganhar”
do vereador Osmar Oleskovicz (PSD), dizendo que não é o momento de se discutir a municipalização completa do ensino fundamental