Ao vivo nas redes sociais, prefeito saiu da prefeitura para entregar lista ao presidente da Câmara
JOGADA ENSAIADA
Se você ir à Câmara de Vereadores no cair da tarde dificilmente vai encontrar casualmente o presidente da Casa te esperando para dar as boas-vindas na porta do Poder Legislativo. Essa coincidência, no entanto, aconteceu na tarde de sexta-feira, 23. Ao vivo pelas redes sociais, prefeito Beto Passos (PSD) deixou seu gabinete carregando um calhamaço de papéis debaixo do braço. Nas milhares de páginas impressas a tão rumorosa lista de vacinados contra a covid-19 até o momento em Canoinhas. Passos achou que estava sepultando o assunto e provando idoneidade ao entregar a papelada a Gil Baiano (PL). Sua claque, de fato viu dessa maneira, mas quem observou com um olhar político mais apurado viu uma pitada de ‘tudo ou nada’ na atitude.
Passos sentiu a repercussão negativa da rejeição ao projeto de lei que o obriga a dar publicidade à lista por parte dos vereadores que o apoiam na Câmara. Achou que tudo soaria natural e que o assunto se perderia na guerra dos foguetes (que dividiu mais opiniões), já que os dois projetos de lei foram rejeitados na mesma sessão. Acabou constatando, a partir da reação popular, que poderia até contornar o projeto dos fogos de artifício jogando a responsabilidade para a Assembleia Legislativa, onde tramita projeto de igual teor, mas ficaria difícil justificar a não publicidade à lista, ainda mais com vários municípios Brasil afora publicizando as listas.
Criou um argumento de última hora: a preservação dos nomes de quem tem comorbidades como HIV e tuberculose, doenças que estigmatizam os pacientes se tornadas públicas. Poderia ter funcionado se fosse defendido na sessão de terça, quando a argumentação foi outra. Os governistas acharam que era só ficar em silêncio que resolvia, não resolveu e a argumentação foi articulada depois. A justificativa é plausível, mas pode ser contornada com a preservação somente destes nomes. Quem tomou a vacina simplesmente por ser idoso, profissional de saúde ou professor tem essas características estampadas na cara. Quando parecia que o assunto estava encerrado, Passos viu que seu pupilo Willian Godoy (PSD) falou demais e passou vergonha em praça pública ao acusar a prefeitura de Blumenau de infringir a lei ao divulgar os vacinados e, por isso, sofrer vários processos. Era mentira. Ressalte-se que não é a primeira vez que o vereador governista até a medula pisa na bola por não checar os fatos. No mês passado ele afirmou que um paciente de Canoinhas teve como tarefa assistir e relatar sessões da Câmara de Vereadores de Joinville como critério para receber tratamento para combater a obesidade. Na verdade os pacientes se reúnem em uma sala cedida pela Câmara para cumprir uma das etapas do tratamento.
Passos poderia fazer diferente. Optou pelo caminho mais difícil para não dar o braço a torcer a oposição. Mais um vez achou estar lidando com a anêmica oposição do primeiro mandato, mas não está. Vamos ver até onde topa pagar o preço pelo erro de cálculo. Do outro lado, claro, é preciso avaliar até onde a oposição pretende esticar a corda.
GOVERNO COM PAPEL
Para promover a ação midiática de sexta Passos passou por cima do programa “governo sem papel” instituído por ele mesmo em 2019. A ideia era de que toda a documentação entre os poderes fosse protocolada digitalmente, o que poderia ser perfeitamente feito com a lista dos vacinados. “Pra adotar sustentabilidade e boas práticas de gestão no poder público, o Governo implantou a plataforma em nuvem de comunicação, atendimento e gestão documental, a 1Doc. A nova plataforma economiza dinheiro público, reduz impressões e colabora com o meio ambiente”, disse o prefeito ao lançar o “Governo sem Papel”.
NÃO PEGOU
Falando nisso, quem consulta documentos enviados pelo Executivo e elaborados dentro do próprio legislativo canoinhense percebe que ao invés de usar a assinatura digital, amplamente usada aqui e lá fora, os documentos são impressos, assinados pelos envolvidos à caneta e escaneados para então o PDF ser disponibilizado no site da Câmara.
VIRANDO A PÁGINA

Ao tentar sufocar o debate sobre a desgastante semana passada, além da lista da vacina impressa, Beto Passos adiantou parte do 13º salário do funcionalismo e madrugou nesta segunda para fazer live na Secretaria de Obras.
HABITAÇÃO
Depois de toda a pendenga envolvendo as casas da Vila São José, cujos terrenos foram comprados e o proprietário pediu a saída das famílias, vem nova confusão pela frente. Moradores da antiga Vila Procopiak estão sendo notificados a deixar os imóveis pelo mesmo motivo.
SUSTADO
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou que o Município de Canoinhas suspenda novo edital para exploração do serviço de coleta de lixo. Representação do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Paulo Machado mostra que há inadequações no edital.
Prefeito Beto Passos já foi multado por irregularidades e direcionamento na licitação de coleta. Na decisão anterior o TCE determinou que não fosse renovado o contrato e sim que fosse realizado um estudo para determinar a forma com que o serviço seria prestado.
Segundo a denúncia, a forma atual permite que somente uma empresa dispute a coleta, transbordo e destino final do lixo, tudo em lote único. Essa fórmula faz com que a Serrana tenha o monopólio em todo o Planalto Norte, ainda de acordo com a denúncia. Justifica afirmando que a Serrana venceu com 1% de desconto.
A recomendação do TCE, agora, é de que se contrate uma empresa para fazer um estudo para determinar se o serviço pode ser dividido em dois lotes (coleta e transporte/ aterro).
MUDANÇA

O secretário Nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior, filiou-se ao PL de Jorginho Mello. Ex-PSL, o secretário é o único catarinense no alto escalão do governo Bolsonaro.
“Que tipo de país propõe taxar livros e zera impostos para armas?”
título de editorial do jornal O Globo sobre a proposta da Receita Federal de taxar livros sob a esdrúxula justificativa de que eles só são comprados por ricos
ALTA VELOCIDADE
O Supremo recebeu neste mês o pedido número 200 mil de habeas corpus (HC), o que representa uma explosão desse tipo de recurso jurídico. Isso porque somente em 2009 chegou-se ao número 100 mil, isso depois de 140 anos de existência do HC. Ou seja, precisou apenas de doze anos para esse número dobrar.