Projeto possibilita aproximação entre eleitor e representante ausente nos dias de hoje
Isso acaba por criar um distanciamento, e consequente descrédito para com a democracia e o campo político, fazendo com que ambas as instâncias caiam no terreno do ilusório. Daí as frases que ouvimos rotineiramente em nosso cotidiano: “nenhum político presta!”; “político é tudo ladrão”, “muda o político e nada muda”, dentre outras expressões assemelhadas a estas. É tendo por base esta perspectiva, que defendo, para além da mera defesa da democracia, a criação de um ambiente democrático que possibilite ao povo uma maior participação na vida pública, e, por conseguinte, uma maior aproximação sua para com os representantes que elegeu, a fim de lhe propor cobranças, demandas e críticas (transcendendo dessa forma, o quase único contato dos tempos de campanha). Somente dessa forma a democracia ganha substância e significado. Somente dessa forma conseguiremos retirar a política da esfera dos interesses particulares e conduzi-la em direção ao bem comum.
Neste sentido, considerei muito bem-vindo o projeto de autoria da vereadora Tatiane Carvalho (MDB) que institui uma “câmara itinerante” com o objetivo de promover sessões mensais nas localidades interioranas do munícipio. Tal projeto, deveras interessante, possibilita justamente aquela aproximação entre eleitor e representante que sinalizei como ausente nos dias de hoje, além de fazer com que os vereadores tomem contato com os problemas/demandas específicas de cada localidade, podendo os repassar com mais propriedade ao executivo municipal. Destaque-se ainda, o componente de formação de consciência política, tendo em vista que, ao se efetivar esta aproximação, a população passa a compreender de modo mais efetivo as competências da Câmara de Vereadores, do Executivo, bem como a importância da sua própria participação enquanto cidadão no tocante a assuntos relacionados a coisa pública.
A se levar em conta as informações que me chegaram, a primeira sessão, realizada na localidade de Paula Pereira, contou com uma boa adesão popular, tendo reunido cerca de quarenta pessoas, que assistiram a realização da sessão, permanecendo ali após o final, para uma reunião na qual fizeram reivindicações aos vereadores presentes. Esta informação me faz crer que o povo está muito bem munido de ideias e anseia por poder participar da vida pública – só faltava, para tanto, que a política saísse do pedestal na qual se colocou e fosse ao encontro daqueles para os quais foi feita.
Cumpre ressaltar, no entanto, que para alcançar seu verdadeiro efeito, o projeto precisa ter uma continuidade, e, se possível, ser estendido também aos bairros que compõem a cidade. Esta continuidade, porém, só será alcançada mediante a “boa vontade” de nossos políticos em realizar novas sessões do tipo (o que ainda estamos a ver). Tal experiência, contudo, haverá de nos ser igualmente significativa, já que nos possibilitará vislumbrar, quem no espaço da Câmara está com vistas a prestar serviço para o povo que o elegeu, e quem utiliza este (o povo) apenas para finalidades eleitoreiras.
