Ele foi preso, mas por embriaguez ao volante; houve resistência
Na noite desta sexta-feira, 25, uma equipe da Polícia Militar foi chamada para ajudar a Polícia Civil em uma situação na rua Roberto Ehlke, no bairro Jardim Esperança, em Canoinhas. Um motorista estava dormindo ao volante. Segundo a reportagem apurou, ele é auxiliar de necrópsia do Instituto Geral de Perícias (IGP), hoje chamado de Polícia Científica.
Conforme o boletim da Polícia Militar, quando os policiais chegaram no local, encontraram o veículo estacionado e o condutor, aparentemente em um profundo sono, no interior do carro. Ao acordá-lo, os sinais de embriaguez eram claros. O homem apresentava dificuldade para se manter em pé e, para piorar, latas de cerveja estavam espalhadas pelo veículo. Ele, por sua vez, se mostrou relutante em fazer o teste do bafômetro.
A situação escalou rapidamente. Durante a abordagem, o motorista começou a insultar os policiais e resistiu à prisão, forçando os agentes a utilizarem algemas e força para contê-lo. A tensão aumentou ainda mais quando ele começou a chutar o compartimento de presos da viatura e chegou a agredir um dos policiais.
Diante de tudo isso, foi registrado um auto de constatação de embriaguez e o homem acabou sendo levado para a Delegacia de Polícia. De lá ele foi levado para o Presídio Regional de Canoinhas.
SUSPEITO
O detido é o principal suspeito de ter atropelado Adolar Alves dos Santos (foto acima), de 62 anos. De acordo com familiares, o homem era natural de Canoinhas e vivia há 41 anos como andarilho, mesmo com constantes tentativas de parentes em ajudá-lo a sair das ruas. Ele teria sido atropelado na noite de quarta-feira, 16, na rua Roberto Ehlke, em Canoinhas, no mesmo local onde o auxiliar de necrópsia foi preso, e mesmo após atendimento do Corpo de Bombeiros e encaminhamento à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), morreu na quinta-feira, 17.
No atestado de óbito compartilhado com a reportagem do JMais pela família de Adolar, consta a informação de que ele sofreu politraumatismo. No campo do documento onde devem ser anotadas prováveis circunstâncias de morte não natural, a informação anotada à caneta é de que ele sofreu “atropelamento em estacionamento”. Segundo familiares, o responsável pelo atropelamento teria fugido do local sem prestar socorro.
Uma sobrinha de Adolar alega que a família monitorava o homem com frequência, mesmo com a opção dele por viver nas ruas de Canoinhas. “Sempre que íamos ao centro, comprávamos comida e entregávamos a ele, queremos que fique bem claro que ele não era um indigente”, destacou.
Ela comentou também que a família tentou fazer um encaminhamento do homem ao Centro de Assistência Psicossocial (Caps), mas ele sempre fugia e se recusava a receber ajuda dos parentes.
DESCOBERTA DA MORTE
A família soube da morte do homem por acaso. Duas sobrinhas de Adolar estavam no Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) para a realização de alguns exames de rotina, quando viram o homem em uma maca. Os socorristas do Corpo de Bombeiros haviam acabado de dar entrada na unidade hospitalar após o resgate do homem. Elas tiveram de comprovar parentesco com Adolar.
A família relata que ele passou a noite de quarta-feira, 16, internado no HSCC e, na manhã seguinte, foi transferido ao Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra. Por volta das 6h de quinta-feira, 17, ele morreu. “Ele era uma pessoa em situação de rua, mas tinha família, e a pessoa que o atropelou devia ter prestado socorro”, comentou uma parente à reportagem reafirmando que Adolar vivia na rua por opção.
Conforme informações do Corpo de Bombeiros, equipes foram acionadas para atender à vítima do atropelamento no bairro Jardim Esperança na noite de quarta-feira, 16, em um estacionamento particular.
O relatório dos bombeiros aponta que o homem foi encontrado caído no chão, porém consciente e sem sinais de desorientação. Ele tinha ferimentos nos braços e nas pernas, assim como escoriação nas laterais do quadril e na área genital. Após os procedimentos de atendimento pré-hospitalar, o homem foi encaminhado à UPA de Canoinhas.
O setor de comunicação do 3º Batalhão da Polícia Militar de Canoinhas também foi procurado pela reportagem do JMais. De acordo com as informações repassadas, uma equipe policial foi acionada pela própria equipe da UPA, assim que Adolar deu entrada na unidade, com apoio do Corpo de Bombeiros. Os policiais chegaram a fazer buscas pela região na tentativa de localizar algum suspeito, mas não foi encontrado.
Segundo o delegado da Divisão de Investigação Criminal de Canoinhas, Nadal Jr, há uma investigação em andamento sobre a morte de Adolar. Ele confirmou que o detido nesta sexta-feira é o principal suspeito, mas ressaltou que a investigação ainda não foi concluída.