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ARTIGO: Águas subterrâneas: conceitos, possibilidades e limites

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Cada vez mais percebe-se que as mudanças climáticas influenciam e afetam negativamente o regime de chuvas

Sérgio Cardoso*

Dr. Jairo Marchesan**

André Leão***

Rafael Leão****

Murilo Anzanello Nichele*****

As águas subterrâneas são aquelas que ocorrem abaixo da superfície do solo, ocupam os espaços vazios das rochas ou solo, tais como os poros, fraturas, falhas, fissuras e outros. No subsolo encontramos três principais tipos de aquíferos: fraturados, cársticos e porosos. Para cada ambiente destes há métodos exploratórios mecânicos e específicos de explotação de tais águas. As águas subterrâneas, também denominadas subsuperficiais, contribuem para a umidade do solo, formação de rios, lagos, banhados e nascentes, além de estarem inseridas e serem parte fundamental do processo de funcionamento do ciclo hidrológico. É preciso lembrar que toda água subterrânea um dia foi água de chuva. Mais: os aquíferos porosos e fraturados, por exemplo, não são como muitas pessoas imaginam, grandes bolsões, açudes ou enormes reservas de água subterrânea.

Normalmente, as águas circulam entre as fraturas das rochas – que nem sempre apresentam grandes vazões – ou está dentro da rocha, como é o caso da rocha sedimentar que compõe o Aquífero Guarani. Outro aspecto interessante é que os aquíferos se constituíram num longo tempo geológico da Terra; isto é, milhões de anos.

As águas subterrâneas são captadas por meio de obras de engenharia geológica que, após estudos hidro geológicos identificam os melhores locais para realizarem a perfuração e a profundidade aproximada para sua extração.

A escolha do melhor lugar para a perfuração do poço precisa ser avaliada antes da obra, por meio de estudos técnicos. A hidrogeologia é a ciência que estuda a ocorrência, quantidade, circulação, condições químicas e físicas da água, sempre considerando as unidades geológicas, as quais estão identificadas. Desta forma, conhecer a geologia local antecede o conhecimento sobre os aquíferos existentes.

Cada vez mais percebe-se que as mudanças climáticas influenciam e afetam negativamente o regime de chuvas, consequentemente, interferem na quantidade e qualidade das águas dos rios e demais águas superficiais que alimentam os aquíferos. Devido ao intenso crescimento de atividades econômicas, produção de produtos e bens e utilização para diferentes usos humanos que demandam água, percebe-se que, nos últimos anos houve crescente e intensa busca pelas águas subterrâneas como alternativa mais imediata. Isso ocorre, muitas vezes, pela redução e poluição das águas superficiais. Esta utilização ocorre por meio da perfuração de poços tubulares para a busca das devidas águas.

Com isso, evidentemente, ocorre o aumento e intensa explotação/exploração e utilização das águas subterrâneas. No entanto, a maioria da população não sabe dos limites hidrogeológicos das águas subterrâneas. Nesta direção, é preciso reconhecer que as águas subterrâneas também são finitas.

Entende-se que as águas subterrâneas são bens estratégicos e deveriam ser pensadas e utilizadas apenas quando necessário, moderadamente ou parcimoniosamente. No entanto, ocorre a crescente dependência das águas subterrâneas como forma de tentar garantir água em quantidade e qualidade. Essa dependência da água subterrânea é preocupante quanto a sustentabilidade hídrica futura.

As águas subterrâneas não obedecem a lógica geográfica dos recursos hídricos superficiais, como, por exemplo, a dimensão das bacias hidrográficas. No entanto, os usos das referidas águas são de responsabilidade social de seus usuários dentro deste território, sob o ponto de vida técnico, social e ambiental, ou seja, ecossistêmico. Outro aspecto interessante e importante a ser ressaltado é que se ou quando os solos estão poluídos ou contaminados, a tendência é que a poluição seja carreada ou conduzida para os aquíferos. Deste modo, se, ou quando as águas subterrâneas estiverem poluídas, a despoluição é praticamente irreversível. Bem diferente das águas superficiais que, detectando e estancando o foco de poluição, rapidamente as águas tendem a se recuperar ou se auto depurarem naturalmente.

Afinal, há profunda relação entre solo e água. Os solos são os maiores armazenadores de água. Ou então, dito de outro modo, os solos são a maior caixa d’água da natureza. Por isso, utilizar e manejar os solos adequadamente e com precaução é cuidar da água, tanto superficial, quanto subterrânea.

*Sérgio Cardoso é geólogo e pesquisador

**Dr. Jairo Marchesan é docente dos Programas de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental da Universidade do Contestado (UNC)

***André Leão é engenheiro Ambiental e Sanitarista e pesquisador

****Rafael Leão é engenheiro Ambiental e Sanitarista e pesquisador

*****Murilo Anzanello Nichele é biólogo – Processos Participativos – e pesquisador