O ex-apoiador de Jair Bolsonaro, hoje sofre com dois candidatos que bebem diretamente da fonte bolsonarista
Ao encerrar a coluna de semana passada, eu deixei um “a seguir as cenas dos próximos capítulos”. Então, elas chegaram e vieram através da primeira pesquisa eleitoral para o cargo de governador de Santa Catarina, divulgada na noite de terça-feira, 23.
Encomendada pela NSC Comunicação e realizada pelo Ipec, a pesquisa que foi divulgada pelo jornal NSC Notícias acendeu um sinal de alerta em toda a política catarinense. E eu explico o porquê.
Entre os 10 candidatos ao cargo de chefe da Casa D’Agronômica, quatro estão empatados com um 1% dos votos, sendo eles: Jorge Boeira (PDT), Leandro Borges (PCO), Professor Alex Alano (PSTU) e Ralf Zimmer (PROS). Destes, se formos observar os debates realizados pela NSC e também pelo Grupo ND, somente Zimmer mostrou-se mais entusiasta do combate perante os outros candidatos.
No segundo bloco temos outros três candidatos: Gean Loureiro (União Brasil), com 8%; Décio Lima (PT), com 6% e Odair Tramontin (Novo), com 2%. Aqui temos dois casos que merecem destaque: o primeiro é a situação do ex-prefeito de Florianópolis, que para muitos é considerada o sinônimo de boa gestão, e que periga tornar-se uma espécie de Ciro Gomes e não conseguir descolar daquele percentual que dificilmente ultrapassa a casa dos 10%.
O outro ponto importante atende pelo nome de Odair Tramontin, representante do partido Novo para o cargo de governador. O candidato ainda não mostrou a que veio na corrida eleitoral, sendo que poderia utilizar muito do que Adriano Silva, prefeito de Joinville e do mesmo partido, está fazendo como exemplo na campanha.
Porém, se observarmos o seu pequeno percentual, nem mesmo a população da maior cidade do Estado confiará seu voto a Tramontin no próximo 2 de outubro.
Agora chegamos no topo da disputa pelo governo. Aqui encontram-se Carlos Moisés (Republicanos), com 23%; Jorginho Mello (PL), com 16%; e Esperidião Amin (PP), com 15%. Antes de analisarmos os números, é preciso lembrar que a pesquisa tem uma margem de erro de 3 pontos para mais ou para menos, sendo assim dentro da margem de erro Amim e Jorginho estão tecnicamente empatados.
Porém vamos às análises: os candidatos do PP e do PL possuem os mesmos tipos de eleitores e apoiadores, sendo em sua maioria os bolsonaristas. Isso quer dizer que em um possível segundo turno em que um dos dois esteja, a maioria dos eleitores do outro tende a caminhar no mesmo trajeto.
É aqui que se acende um sinal de alerta bem especifico, o de Carlos Moisés, que busca a reeleição. O ex-apoiador de Jair Bolsonaro, hoje sofre com dois candidatos que bebem diretamente da fonte bolsonarista e juntos somam 31% dos votos, 8 pontos a frente do atual governador.
Para Moisés o momento agora é de olhar alguns pontos que podem ter sido deixados de lado, mas o principal é o de trabalhar com duas frentes: a primeira é tentar angariar votos de outros candidatos, que juntos têm 20% dos votos. Já a segunda questão que pode ser trabalhada pelo atual governador na sua busca por mais quatro anos de poder, pode ser realizada através da virada dos 10% dos catarinenses que declararam votos brancos e nulos ou dos 17% que ainda não sabem em quem votar. Quem sabe o antigo número que o ajudou em 2018, não seja agora a sua ponte de salvação para uma reeleição mais tranquila?
Quando a gente observa um outro lado da pesquisa podemos entender um pouco melhor essa pequena diferença entre Moisés, Jorginho e Amim. O mesmo instituto ouviu os catarinenses sobre a disputa presidencial, e como já era de se esperar, Bolsonaro (PL) apareceu com 50% dos votos, contra 25% de Lula (PT).
Essa situação mostra que os dois senadores que buscam o cargo de governador, poderão ter uma vida mais tranquila durante a campanha. Já Moisés precisará ficar atento aos pontos acima citados.
Isso ocorre porque estamos falando de Santa Catarina, que na última eleição na primeira pesquisa divulgada, o hoje governador aparecia no mesmo patamar dos candidatos atuais, tais como Décio Lima e Odair Tramontin. Não podemos esquecer nunca que a política catarinense é uma caixinha de surpresas.
