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A falta que Fernando Tokarski fará

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Esta é uma coluna de opinião. Aqui você vai encontrar notas sobre bastidores da política regional e estadual, além de artigos que expressam a opinião do colunista.

Grande desafio é manter o legado do historiador

 

LUTO

COLUNA DE DOMINGO Dois nomes despontam como grandes historiadores de Canoinhas e por consequência do aspecto regional da Guerra do Contestado: Orty Magalhães Machado e seu pupilo, Fernando Tokarski. Ambos ouviram fontes primárias, tiveram acesso a documentos até então inéditos e reviraram jornais e publicações das mais diversas para formar um panorama histórico regional.

Com a morte de Fernando, quem será capaz de dar sequência a esta história? É fato que nem tudo é deserto. O historiador Alexandre Tomporoski, o professor Ricardo Campos e o musicista e pesquisador Matheus Prust já contribuíram muito para a pesquisa local, mas todos, uma hora ou outra, beberam da fonte de Fernando, citação recorrente em suas obras. É fato, também, que não existe mais como pesquisar em fontes primárias. O trabalho de Orty e Fernando foi estanque no sentido de não ter mais como voltar no tempo. Seja como for, a construção da gênese de Canoinhas é mérito de Orty e Fernando, de suas incessantes e trabalhosas pesquisas. A quem veio depois e se Deus quiser, seguirá chegando, cabe confiar no legado deixado pelos dois.

Mas antes de falarmos em sucessores precisamos falar na preservação do legado de Fernando. Que o poder público, que foi impiedoso com a herança acadêmica de Orty, seja mais generoso com o legado de Fernando.

Passado o luto, é hora de falarmos sobre o que certamente deixaria Fernando mais satisfeito: a preservação de sua memória.

Nesta semana, o Município deu um passo importante ao abrir licitação para reformar e ampliar a Fundação Cultural. Mas não é o suficiente. Ainda nada foi dito sobre a preservação de jornais e documentos antigos. O novo gestor da Fundação, apadrinhado político, sequer soltou um suspiro para provar que não está lá apenas como um favor.

Nesta semana a jornalista Karla Brey foi indicada para presidir a Fundação e já demonstra, pelo menos, vontade de ouvir as pessoas envolvidas com patrimônio histórico, o que já é um bom começo.

A cultura canoinhense agoniza e, vejam só, a triste perda de Fernando se torna mais um grito por valorização do que já se fez pelo patrimônio histórico do Município. É uma chance de ouro de a prefeita Juliana Maciel Hoppe (PL) mostrar que realmente está interessada na nossa cultura. Que o poder público não se iluda que a família ou algum bem-aventurado tome a iniciativa de criar um museu para preservar o legado de Fernando. Essa função só pode ser executada pelo Município, o único capaz de alcançar recursos para bancar essa iniciativa vital para preservarmos a história local.