Polêmicas, nomeações e relações tensas com vereadores pontuaram início dos governos
COLUNA DE DOMINGO A marca dos 100 primeiros dias de governo, o que corresponde a quase um terço do primeiro ano de mandato, é uma data significativa para dizer se os governos estão no caminho certo ou não.
Na semana que passou os prefeitos da região chegaram a essa marca com muita coisa a contar. Se olhar as suas redes você vai perceber uma série de mudanças, realizações e projetos colocados em prática. Para o mandatário, o melhor dos mundos. Para o cidadão, nem sempre.
Vamos nos ater aos quatro prefeitos da comarca. Em Canoinhas, Juliana Maciel Hoppe (PL) começou o segundo mandato polemizando com o famigerado projeto de lei do Emprego Público, publicada de fato na semana passada, por sinal. Comprou briga com a oposição, que já estava com armas nas mãos, e tem enfrentado duras críticas a sua atuação, especialmente na saúde que, para os três vereadores opositores, está um caos. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi eleita para levar a maioria das bordoadas. Casos suspeitos de negligência médica são explorados a exaustão, mesmo antes de qualquer prova concreta de crime. Juliana, por sua vez, tem adotado a tática de ignorar e usa suas redes sociais para tentar sensibilizar o eleitor, de olho na eleição para deputado no ano que vem. Ela quer uma vaga na Assembleia Legislativa e conta com a inauguração de obras como o CEI Ederson Mota e o Centro Multidisciplinar (iniciadas no governo Beto Passos e concluídas por ela) e na reforma da Praça Lauro Müller. São obras positivas, que contrastam com a morosidade em se entregar um quilômetro de asfalto no acesso ao interior de Canoinhas pelo Parado. Diante das críticas, Juliana tem adotado a tática do “deixa pra lá e vamos seguir em frente”. Pode ser um erro a cobrar seu preço adiante. A ver.
Carlinhos Schiessl (MDB) tem se esforçado, mas seu temperamento forte tem atrapalhado. É visível que tem tomado providências necessárias, principalmente em relação às estradas rurais, em estado lastimável quando assumiu. Vingativo, fez uma limpa na prefeitura e afastou todos os que apoiavam a ala de Adelmo Alberti. Revelou, ainda, as rotinas mais esquisitas do ex-prefeito, como um alçapão de fuga dentro do gabinete. Infelizmente para o prefeito, contudo, o que vai marcar mesmo seus primeiros 100 dias de governo é o fatídico episódio envolvendo um policial militar. A prova de que ele tentou intimidar o militar está gravada e ainda vai dar muita dor de cabeça a Schiessl.
Em Major Vieira, Aline Ruthes (PSD) estreou com igual vontade de mudar. Conseguiu avançar em obras de infraestrutura e se mostrou mais presente diante de diferentes segmentos da sociedade. Errou ao nomear o marido para o primeiro escalão de governo, especialmente porque Everson já tinha sido dispensado de Canoinhas por uma suspeita de corrupção já arquivada, mas não esquecida. Nem Aline, muito menos o marido, precisam desse cargo, mas insistiram e causaram má impressão. Aline, ainda, comprou briga com médicos ao tentar reestruturar o Hospital São Lucas e sua boa relação com os vereadores não durou nem um mês. O clima é tenso entre os poderes, o que era previsível, considerando que Aline não tem maioria no Legislativo.
Bem diferente de Ana Claudia Quege (MDB), que vive em franca harmonia com os vereadores. Quando titubeou em fazer as vontades dos nobres edis para formar o primeiro escalão do governo – só completo na semana passada, aliás, – recebeu ameaças explícitas do agora secretário de Defesa Civil na tribuna da Câmara. Ana Claudia pode até achar que tem os vereadores na rédea curta, mas é bem o contrário. Para manter unanimidade entre os edis precisa pisar em ovos. Basta uma ação que desagrade um dos vereadores para ela senti o revés. No campo das realizações, com o farto orçamento que tem em mãos, Ana tem condições de apresentar resultados. Implementou o Samu, criou um centro administrativo no São Cristóvão e financiou mais de 2 mil exames médicos.