Planalto Norte e Alto Vale do Itajaí são as únicas regiões do Estado que não registraram mortes de mulheres no período de gestação, no parto ou no puerpério em 2024
Em 2024, Santa Catarina enfrentou um aumento alarmante no número de mortes maternas, alcançando um total de 43 óbitos. Esse dado marca um crescimento de 48,3% em comparação ao ano anterior, resultando em uma razão de morte materna (RMM) de 45,9 a cada 100 mil nascidos vivos. Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES), através da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), este foi o ano mais trágico em duas décadas no que diz respeito a perdas maternas.
Nos últimos 20 anos, a média anual de mortes maternas no estado foi de 32, com uma exceção notável em 2021, quando a pandemia de covid-19 impactou severamente a saúde das gestantes, contabilizando 86 óbitos, sendo 55% deles diretamente relacionados ao vírus. Nos dois anos seguintes, após o pico da pandemia, essa média caiu para 29.
Dentre as 43 mortes registradas em 2024, mais da metade (62,8%) foi atribuída a causas obstétricas diretas, como hemorragias (22,2%), hipertensão (14,8%), abortos (7,4%) e infecções puerperais (3,7%). As causas indiretas, que também merecem atenção, englobaram doenças infecciosas e parasitárias (18,8%), outras doenças e afecções (18,8%), problemas do aparelho digestivo (12,5%) e diabetes mellitus já existente (12,5%).
Número de óbitos e razão de mortalidade materna (por 100.000 nascidos vivos) em SC, de 2005 a 2024*

É importante lembrar que a mortalidade materna se refere a mortes que ocorrem durante a gestação, no parto ou até 42 dias após o nascimento, devido a fatores relacionados à gravidez, excluindo causas acidentais. A Dive destaca que a grande maioria dessas mortes é considerada evitável, o que evidencia a necessidade de melhorias no acesso a serviços de saúde adequados e na prevenção de complicações.
Além disso, a mortalidade materna é um indicador crucial de saúde pública e desenvolvimento social, refletindo a qualidade do atendimento pré-natal, do parto e do pós-parto. O índice de 2024 ultrapassa a meta brasileira de reduzir a mortalidade materna para, no máximo, 30 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
PLANALTO NORTE
Apesar do número negativo registrado pelo estado, uma luz no fim do túnel: a região do Planalto Norte, juntamente com o Alto Vale do Itajaí, se destacou positivamente ao não registrar nenhum óbito materno no ano passado. Em 2024, o Planalto Norte também teve um desempenho notável, com 4,5 mil nascidos vivos, mostrando que, apesar dos desafios, é possível avançar na proteção da vida das mães e dos bebês.
Número de óbitos maternos, número de nascidos vivos e razão de mortalidade materna em SC, em 2024*

Legenda: OM – Óbitos maternos; NV – Nascidos vivos; RMM – Razão de mortalidade materna