Funcionária da Secretaria de Habitação disse que teve problemas por ter irmã candidata
A servidora efetiva lotada na Secretaria de Habitação da Prefeitura de Canoinhas, Mozara Schadeck, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Canoinhas e apresentou uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciando o que, segundo ela, seria constrangimento ilegal no ambiente de trabalho.
A assistente social é servidora efetiva e trabalha há 10 anos na pasta. Ela disse que passou a enfrentar problemas no trabalho quando seu superior, o então secretário de Habitação, Carlos Eduardo Vipievski, anunciou que seria candidato a vereador pelo PL, partido da prefeita Juliana Maciel Hoppe. A prefeita teria pedido apoio a Vipievski, porém, a servidora explicou que sua irmã também seria candidata, logo, seu apoio iria para ela.
Mozara relata no boletim de ocorrência que a partir de então as coisas mudaram no ambiente de trabalho. Ela teria sido excluída de reuniões “tanto que até perderam prazo de processos e atos importantes”. Ao questionar seu isolamento, Mozara teria descoberto o que chamou de “irregularidade eleitoral”, sem detalhes. Ela teria relatado essa situação ao substituto de Vipievski, Juliano Seleme, que teria mandado cessar tal conduta. A servidora diz, ainda, que Vipievski teria dito que ela era “inimiga”.
A situação teria se intensificado quando Juliano deixou a pasta e uma assessora de Juliana, Daiane, teria assumido a Secretaria. As irregularidades, segundo Mozara, teriam se intensificado. A servidora afirma que ao cobrar postura da então secretária, Daiane teria dito que conversou com a prefeita e a ordem era de “usar da máquina sim, todas as Secretarias vão usar, Saúde, Assistência Social, pode usar sim”.
Na manhã desta terça-feira, 20, houve uma reunião e Daiane teria chamado a atenção de Mozara, afirmando que ela estava com ideia persecutória. Foi então que a servidora disse que iria denunciar a situação. Daiane teria ficado nervosa e alterado a voz, dizendo para ela “ir trabalhar, está se achando a última farofa (sic) do pacote. Isso é problema da prefeita, não é problema seu, fique no seu lugar, se feche e vá trabalhar”, teria dito aos gritos.
Logo em seguida, Mozara procurou o Fórum. Ela relata no boletim de ocorrência que conversou com o juiz e a promotora e oficializou denúncia. Disse, ainda, que em razão do estresse causado pela situação teve problemas de saúde relacionados ao “assédio moral”, nas palavras dela.
CONTRAPONTO
O Município emitiu a seguinte nota sobre o caso:
“Os números da Secretaria de Habitação comprovam o quanto o trabalho tem caminhado de maneira eficiente na pasta. Neste um ano e meio de gestão entregamos mais de 300 matrículas beneficiando cerca de 1000 pessoas. Já foi licitada e homologada também a empresa para construção de 36 novas unidades habitacionais no município.
Estes dados comprovam que NÃO foram perdidos prazos dentro da Secretaria Municipal de Habitação.
Esta e todas as acusações da servidora são INFUNDADAS e NÃO CONDIZEM COM A VERDADE.
Ressaltamos que a Secretaria Municipal de Habitação, assim como todas as outras secretarias e fundações, atuam dentro da legalidade e transparência de suas ações.”
Carlos Eduardo Vipiveski, por sua vez, enviou a seguinte nota:
“Embora saiba que o processo eleitoral eleve os ânimos, recebi com surpresa e indignação a notícia de que uma servidora municipal, que é irmã de uma candidata a vereadora de oposição e, portanto, minha concorrente, me acuse de atos que não cometi.
Estou afastado da secretaria desde o início de abril, e enquanto lá estive, sempre me pautei pela eficiência e transparência no serviço público, sendo que todos os atos foram praticados para auxiliar os que mais precisaram da Secretaria de Habitação.
Ainda, fica mais evidente que as acusações são levianas e eleitoreiras, quando todos os benefícios concedidos pela pasta que atuei, obrigatoriamente, passam pelo crivo da servidora que me acusa falsamente.
Certo de que agi corretamente, tomarei as medidas cabíveis para reparar esta injustiça, que faz parte da estratégia de grupos que querem voltar ao triste passado recente de nossa cidade.
Me acusam daquilo que talvez praticaram em outros tempos. Sigo em frente, buscando o melhor pra Canoinhas.”
Juliano Seleme reconheceu que houve essa denúncia de fato, mas as pessoas que estariam repassando informações a Vipievski negaram que estivessem fazendo isso. Segundo ele, os dados que estariam sendo repassados a Vipievski são públicos. Mesmo assim, ele deu ordem expressa de que isso não acontecesse em hipótese alguma.
Orientada por sua advogada, Mozara não comentou o conteúdo do BO.