Durante muitos anos Porto União era considerada o final de Santa Catarina
Dentro de duas semanas os brasileiros irão às urnas para escolher aqueles que vão representá-los pelos próximos quatro anos, seja a nível estadual ou a federal. Pensando nisso, hoje eu trago a discussão sobre a importância de se olhar bem para aqueles que realmente representam, olham e trabalham pelo Planalto Norte de Santa Catarina.
Durante muitos anos Porto União era considerada o final de Santa Catarina, os recursos chegavam pelo Planalto Norte até Mafra e arduamente até Canoinhas. Pelo lado do Meio Oeste, raramente algo passava dos limites de Caçador, quando o assunto eram verbas e o olhar do governo estadual.
Para que possamos entender melhor isso, basta voltar a um passado não tão distante e observar como eram as duas principais rodovias que aqui chegavam e daqui partiam. A BR 280 chegava federalizada até Canoinhas, depois tornava-se de responsabilidade do governo estadual, sendo assim durante muitos anos era preciso paciência para chegar até o “final de Santa Catarina”.
Agora se a viagem tinha como ponto de partida o Meio Oeste catarinense, aí ficava impossível não utilizar um ditado popular que não seja um verdadeiro “Deus nos acuda”. A SC 135, a Rodovia da Amizade, até tem um nome muito bonito, porém era intransitável, já levando à morte de muitos motoristas na temida “curva do tomate”.
A rodovia recebeu a camada asfáltica, lá na virada do século, quando o hoje candidato ao governo Esperidião Amim (PP) ocupava a chefia do Estado. Depois disso foram apenas remendos e obras intermináveis que sugaram para si rios de dinheiro público.
Deixando as rodovias de lado, a região sempre foi carente, durante muitos anos Porto União, Irineópolis, Calmon e Matos Costa pareciam viver nos tempos da Guerra do Contestado, onde toda essa região era considerada por muitos governantes como “terras devolutas”.
As quatro cidades mencionadas acima têm, segundo dados estipulados pelo IBGE Cidades em 2021, 52.806 habitantes e até hoje não conseguiram uma única cadeira dentro da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Uso essas quatro cidades como exemplo, mas ainda poderiam ser incluídas Bela Vista do Toldo e Timbó Grande, o que aumentaria a população local e que nunca teve um representante na Alesc.
É claro que muitos podem lembrar-se de Antonio Aguiar, natural de Canoinhas e que durante cinco gestões foi deputado estadual. Porém, nesse mesmo período em que Aguiar estava por lá, a região por cá seguia deixada de lado. O ex-deputado fazia um trabalho pela região, isso é inegável, sempre era figura presente em eventos locais, porém havia uma falta de pulso firme para defender com maior afinco toda a região.
Precisamos citar que nestes momentos não havia, é claro, um governo que olhasse para todos os municípios catarinenses. Para exemplificar isso, rememoro uma história lá de 2017, quando Porto União completou os seus 100 anos. O então governador e hoje candidato ao Senado pelo PSD, Raimundo Colombo, por aqui esteve, posou para fotos, acenou para os munícipes, inaugurou uma praça e prometeu para o prefeito que em vinte dias ele o receberia na Casa D’Agronômica.
A visita prometida por Colombo a Eliseu Mibach, era para tratar de assuntos referentes a obra de revitalização da estrada que dá acesso ao Distrito Industrial de Porto União, que receberia asfalto no longínquo ano de 2000 e durante muito tempo parecia ser uma estrada de chão.
Vinte dias depois, a visita nunca mais aconteceu, o governador por aqui nunca mais esteve e a estrada seguiu cada vez mais deteriorada. A população agora aguarda o passar das eleições de 2022, para enfim ver uma das obras mais importantes e aguardadas dos últimos anos ser inaugurada.
No próximo dia 2 de outubro, Porto União e os municípios que a rodeiam terão duas situações, meio que ficaram entre a faca e a espada. Isso ocorre porque toda a região passou a se desenvolver muito, em comparação aquele passado que todos não desejam retornar, que deve ficar literalmente no passado.
A BR 280 hoje é federalizada até o seu final, em Porto União. A SC 135 não encontra-se a melhor rodovia do Estado, porém os seus usuários não precisam se preocupar se vão estragar um pneu a cada novo buraco que surge a sua frente.
Falo que a região estará entre a faca e a espada, exclusivamente, quando o assunto é a disputa pela Alesc, pois nos últimos anos, até por um trabalho incessante dos prefeitos locais, mais deputados passaram a adotar a região e destinar para cá um olhar mais específico. O Planalto Norte e um pedaço do Meio Oeste deixaram de ser apenas o local onde muitos candidatos chegavam, pegavam votos e nunca mais apareciam.
Porém, 2022, também está se mostrando como um ano onde a região passou a contar com candidatos a Alesc e que estão se mostrando fortes na disputa. Porto União pela primeira vez tem duas mulheres na corrida, isso mostra que os tempos são outros.
Aos eleitores da região, a eleição que se aproxima restará uma escolha importante, reeleger deputados que já mostram trabalho ou dar a oportunidade para que novamente o Planalto Norte seja representado na Alesc. Quanto a disputa pelo cargo de governador de Santa Catarina, aí a região precisa literalmente fazer a escolha certa.
