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Canoinhense que estava na Ucrânia já está em segurança na Polônia

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Polonês com parentes em Canoinhas ajudou a família

A jornalista canoinhense Kelly Muller Wilke já está em segurança na Polônia junto com o marido, Fábio Wilke, e a filha recém-nascida Mikaela. Canoinhenses intermediaram contato com um parente que mora na Polônia e ele esperou por 15 horas a chegada do casal e da filha em uma estação de trem. “Przemek (nome do polonês) nos procurou em todos os trens e nos trouxe até Cracóvia com seu carro e nos instalou em um hotel. Pessoas maravilhosas”, agradece Kelly, que evitou citar nomes por medo de se esquecer de alguém. Ela se disse eternamente grata aos canoinhenses que ajudaram sua família. A ideia agora é descansar pelo menos por dois dias e, então, embarcar para o Brasil.

Os três estavam na Ucrânia quando estourou a guerra com a Rússia na quinta-feira passada. Desde então eles enfrentam uma verdadeira saga para deixar a Europa. Impedidos de deixar a capital Kiev, onde Kelly e Fábio foram buscar a filha, fruto de barriga de aluguel, os três ficaram abrigados no subsolo de um prédio residencial com mais 30 adultos, oito bebês e três crianças de até 3 anos. A Ucrânia permite a barriga de aluguel apenas para casais heterossexuais oficialmente casados, e é preciso apresentar um laudo médico que ateste a impossibilidade de levar uma gravidez adiante. No caso de Kelly, ela teve um aborto espontâneo e dois partos prematuros com perda dos bebês. O preço médio do procedimento é de US$ 50 mil, praticamente a metade do que é pago nos Estados Unidos, por exemplo.

Após o bebê nascer, ele passa pelo teste de DNA para comprovar que as pessoas que contrataram a barriga de aluguel são realmente os pais. É feita, então, a certidão de nascimento ucraniana, e só depois a criança pode receber na embaixada os documentos brasileiros, que lhe permitem viajar.

No caso de Mikaela, a embaixada brasileira agilizou a documentação e na manhã de segunda-feira, 28, o casal conseguiu deixar Kiev em um trem com destino a Lviv, cidade fronteiriça com a Polônia chamada de “funil da Ucrânia” já que por lá está saindo boa parte da população de mulheres e crianças, já que homens entre 18 e 60 anos, cidadãos ucranianos, estão proibidos de deixar o país já que poderão ser convocados a lutar contra soldados russos.

O voo de volta ao Brasil agendado por Kelly e Fábio estava marcado para domingo, 27, mas foi cancelado assim como todos os voos saindo da Ucrânia. O espaço aéreo ucraniano foi fechado. Eles tentaram deixar Kiev por terra, mas não encontraram veículos disponíveis. “Quem tem carro está sem gasolina. A orientação agora é que ninguém saia porque existe a possibilidade de ataques aéreos. O governo ucraniano disse que se alguém do Exército te encontrar na rua, você será considerado inimigo”, relatou Kelly ao JMais no sábado, 26. Eles conseguiram deixar o local somente na segunda pela manhã, quando terminou o toque de recolher imposto na sexta passada.

ESPERANÇA

Kelly conheceu o marido em Guaratuba e casou-se em 2013 com Fabio. Em 2015, engravidou, mas teve um aborto espontâneo bem no início da gestação. Depois disso, engravidou mais duas vezes, mas entrou em trabalho de parto com cinco meses. “Foi muito difícil. Me culpei demais”, contou Kelly ao portal ND+. Ela ficava na tensão dos primeiros três meses. Quando passava pelos três meses e os exames apontavam que estava tudo bem era um alívio. Porém, aos cinco meses, os dois filhos nasceram. Sobreviveram sete horas e os momentos estão entre os mais difíceis do casal. Kelly então recebeu o diagnóstico “Incompetência de colo de útero”.

Em janeiro do ano passado, em busca de realizar seu sonho, passou a pesquisar clínicas de barriga de aluguel. Encontrou nos Estados Unidos e na Ucrânia. Nos EUA, porém, ‘era muito caro’, explicou a jornalista.

O casal decidiu, então, pela Ucrânia. Em abril do ano passado, viajou ao País para coleta de material. A clínica pede uma série de exames de fertilidade.

A barriga de aluguel engravidou de primeira, o que é bem difícil. Casais esperam até três anos para a gravidez vingar.

Agora, a alegria de ver a filha nascer deu lugar à apreensão que, agora na Polônia, foi substituída por uma grande alegria e esperança.